segunda-feira, 26 de novembro de 2012

FREGUESIA DE CORTES - LEIRIA


REGIÃO                   CENTRO
SUB REGIÃO            PINHAL INTERIOR
DISTRITO                 LEIRIA
CIDADE                    LEIRIA
FREGUESIA            Cortes
HERÁLDICA
Brasão

Nos termos da Lei nº 53/91, de 7 de Agosto, a Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, pela mão do Secretário da Comissão de Heráldica, José Bènard Guedes, emitia, em 2 de Novembro de 1993, o seguinte
Parecer
Ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo branco da Freguesia das Cortes, Município de Leiria.
Brasão:
Escudo de azul, uma roda de azenha de prata, realçada de negro, movente de um pé de água ondado de prata e azul; em chefe, à dextra, uma gaiola de ouro carregada de uma coroa aberta do mesmo, e à sinistra, um livro aberto de prata, realçado de vermelho e carregado de uma coroa de louros de verde. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maísculas: "CORTES".
Bandeira:
De branco. Cordão e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.
Selo
Branco: circular, com as peças do escudo sem a indicação de cores e metais, tudo envolvido por dois círculos concêntricos, onde corre a legenda: "Junta de Freguesia das Cortes".
Simbologia

Desta forma ficava formalizada a heráldica da freguesia das Cortes, com a dupla satisfação de ter sido o próprio Secretário da Comissão de Heráldica, José Bènard Guedes, o autor e o compositor das respectivas gravuras, a encomenda expressa do Presidente da Junta de Freguesia das Cortes, António Carvalho, e depois de vários contributos e ensaios de especialistas publicados no "Jornal das Cortes".

Em particular, o brasão, com todas as características técnicas de brasão de freguesia, especialmente a coroa mural de três torres, traduz, com a nora e o ondeado do rio, a ligação umbilical das Cortes ao rio Lis e às tecnologias tradicionais de elevação de água. Depois, a gaiola coroada simboliza a grande tradição religiosa e o apego da população cortesense a Nossa Senhora da Gaiola.

Finalmente, um livro aberto, coroado de louros, pretende significar os desígnios culturais das Cortes, cujas figuras intelectuais e artísticas, de carácter nacional, deixaram obra de muito mérito.
Por sua vez, a cor azul tem basicamente a seguinte interpretação: justiça, formosura, doçura, nobreza, perseverança, zelo e lealdade.
Quanto aos esmaltes, eles significam: ouro - riqueza, nobreza, força, sabedoria, vigor, fidelidade e tolerância; prata - felicidade, inocência, limpeza, esperança e eloquência.

Naturalmente que, tendo subjacente este simbolismo, o conjunto foi ajustado, em termos de composição, de forma que as cores pudessem traduzir um belo efeito, com contrastes de claro-escuro. E o resultado, como se pode constatar, é realmente excepcional.

A bandeira da Junta de Freguesia das Cortes, de fundo branco, com o brasão bem no meio, é uma obra de arte quando içada no mastro, desfraldada ao vento. Os pergaminhos da freguesia estão ali reunidos, identificando a sua história, a sua cultura e a sua sensibilidade.


Origem do nome
Remontando à origem do topónimo Cortes, é aceitar suposições de um autor do século XIX que, pegando em elementos aqui e ali, construíu a sua própria história que nunca ninguém se atreveu a pôr em causa, mas que é, contudo, facilmente desmontável.
Igualmente sem fundamento é a versão segundo a qual o topónimo Cortes se deve ao facto de as Cortes de Leiria (pronunciar côrtes) se poderem ter realizado justamente nas Cortes (pronunciar córtes). Estudiosos e historiadores já há muito assentaram que tal evento decorreu no Paço Real, junto da igreja de S. Pedro, nas imediações do castelo de Leiria.
Pela interpretação ponderada e sistemática dos documentos até agora encontrados, os especialistas inclinam-se para a significação de Cortes como sendo terras de cultura ou herdades, estrutura agrícola típica do vale fértil de um rio que desde sempre atraíu gente de importantes cabedais. A elite social da região, próxima da corte régia, não hesitava mesmo em adoptar Cortes como apelido, como se pode constatar em documentos de meados do século XV.

História
A povoação das Cortes é uma das povoações mais antigas do termo de Leiria, a ela se referindo numerosa documentação medieval. As primeiras referências documentais, até hoje conhecidas, surgem por volta de 1250 num pergaminho em que os Templários (de Tomar) registaram as suas propriedades existentes no termo de Leiria.
Remontando à origem do topónimo Cortes, é aceitar suposições de um autor do século XIX que, pegando em elementos aqui e ali, construíu a sua própria história que nunca ninguém se atreveu a pôr em causa, mas que é, contudo, facilmente desmontável.
Igualmente sem fundamento é a versão segundo a qual o topónimo Cortes se deve ao facto de as Cortes de Leiria (pronunciar côrtes) se poderem ter realizado justamente nas Cortes (pronunciar córtes). Estudiosos e historiadores já há muito assentaram que tal evento decorreu no Paço Real, junto da igreja de S. Pedro, nas imediações do castelo de Leiria.
Pela interpretação ponderada e sistemática dos documentos até agora encontrados, os especialistas inclinam-se para a significação de Cortes como sendo terras de cultura ou herdades, estrutura agrícola típica do vale fértil de um rio que desde sempre atraíu gente de importantes cabedais. A elite social da região, próxima da corte régia, não hesitava mesmo em adoptar Cortes como apelido, como se pode constatar em documentos de meados do século XV.

A festa da padroeira, Nossa Senhora da Gaiola, realiza-se anualmente no 1º Domingo de Maio, sendo tradição imemorial. A Carta Régia de D. João III, de 31 de Maio de 1542, concedendo licença aos moradores das Cortes para realizarem e pedirem para o Bodo, estabelecendo os critérios de distribuição das esmolas, fala deste costume como sendo de "antigamente".
O terramoto de 1755 abalou a igreja e algumas capelas da freguesia, mas não causou prejuízos de monta, a não ser na capela de Santa Bárbara da Amoreira, e não havendo notícias de outros factos danosos, a não ser o de as águas do rio terem voltado para trás, tal a força do abalo.
O rio Lis, que nasce nas Fontes, é a alma viva desta terra, irrigando as suas terras e inspirando várias gerações de poetas. Como ex-libris das Cortes ficou a nora de tirar água, com os seus alcatruzes e andamento amodorrado, figurando como motivo central do brasão local. A paisagem é revestida essencialmente de vinhedos, pomares e mata de pinhais.
A nascente fica o miradouro serrano da Senhora do Monte, com a sua capela quinhentista sobressaíndo do Pé-da-Cabeça-do-Bom-Dia, à espreita do mar que, em dias luminosos, se avista de longe.
Patrimonio
Igreja da Nossa Senhora da Gaiola


Digna de relevo é a igreja Paroquial das Cortes, dedicada a Nossa Senhora da Gaiola, que data de 1607, tendo sido começada a construir em 1550.
Na sua fachada, de um barroco pouco expressivo, abre-se o portal sobrepujado por um nicho. Neste a Virgem está a ser coroada por dois anjos.

O templo é vasto e bem iluminado. Disposto interiormente em forma de cruz, apresenta na arcada superior o altar-mor, com sacrário e com retábulo ornado de vasta e belíssima talha dourada, cujo risco é da responsabilidade do mestre entalhador Manuel Ferreira e cuja execução foi de outro mestre entalhador, Manuel Duarte, conforme a "Obrigação e Contrato para se fazer a tribuna da Igreja de Nossa Senhora da Gayolla da freguesia das Cortes", datados de Leiria, aos 13 de Novembro de 1720.

Nas arcadas laterais um altar em cada, o do Senhor dos Aflitos e o do Senhor dos Passos; e ainda dois colaterais, do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora de Fátima. Ao fundo, a capela baptismal em baptistério ostenta uma pia típica e uma fachada de azulejo figurativo. Das duas pias de água benta, uma, de recorte barroco, é do século XVI, anterior à fundação da igreja.

O tecto é sumptuoso e sugestivo, evocando com os seus motivos em estuque os muitos títulos atribuídos à Virgem. As respectivas legendas compõem uma ladaínha que dialoga com o motivo da ousia onde a Senhora da Misericórdia, com o seu manto aberto e protector diz: "Venite ad me vos omnes qui laboratis et onorati estis et ego reficiam vos" (Vinde a mim vós todos os que trabalhais e sois oprimidos que eu vos aliviarei).
As paredes laterais e toda a capela mor sustentam uma faixa de azulejo seiscentista, cobrindo o chão um mosaico característico.

Até final do século XIX, igreja e adro serviram de cemitério. À entrada da igreja são visíveis ainda algumas campas, e, no altar do Senhor dos Aflitos, estão mesmo sepultados o escritor António Xavier Rodrigues Cordeiro, que faleceu em 1896, e sua mãe.
A torre ostenta três sinos: o pequeno não tem data; o do meio é de 1767; e o maior é de 1915 (presume-se que o pequeno seja desta data também, uma vez que é da mesma fábrica).

A matriz está recheada de um avultado número de ícones, dos quais sobressai o da padroeira, Nossa Senhora da Gaiola, uma escultura de madeira do princípio do século XVII, bem pintada e estofada, com 1,44m de altura. "Está com o Menino Jesus nos braços, todo atento, e inclinado para a Mãe, como que está falando com ela." A mão direita insinua o gesto de quem agarra uma flor.

É de perfeitíssima execução, muito formosa e de rara majestade "que parece que rouba os corações de todos os que a vêem".
Um Cristo crucificado, esculpido em marfim, trabalho indo-português do século XVII, fazia parte deste valiosos recheio até à madrugada de 10 de Setembro de 1983, data em que foi roubado da igreja.
Do século XVI restam ainda duas esculturas de pedra, figurando Santa Luzia e S. Brás, sendo ainda notáveis outros ícones como o de Santo António, Nun'Álvares Pereira, S. João Baptista, S. Sebastião, Nossa Senhora das Dores, S. Luis e N. Senhora das Candeias.

A nave da igreja foi acrescentada já no século XX, tendo-se encontrado datas no tecto aquando do último restauro realizado em 1995, em especial na capela do Senhor dos Aflitos que regista 28-5-1907.
A própria torre sineira deve ser deste período, tendo a sua parte superior (o bico) sido concluída no princípio dos anos 40.
Capela de Santa Bárbara

Património da Paróquia das Cortes desde 28 de Setembro de 1976, esta capela, dedicada a Santa Bárbara, ostenta duas datas aparentemente antagónicas. No retábulo do altar-mor, uma legenda inscrita no topo, cremos que ilustrando um brasão, diz: "Este brazão de armas foi dado á família de linhaije por D. Afonso VI em1665./ E feita esta em 1873". "Esta" quê? Esta capela ou esta inscrição? Trata-se, por certo, de esta inscrição, uma vez que, entre as várias lápides tumulares existentes no interior do templo, está a do licenciado D. João Moreira de Noronha e Meneses, do hábito de S. Pedro, onde se pode ler que ele é o "fundador desta, a qual andará sempre em quem tiver os mesmos apelidos", com data de 1669.

D. João era descendente da casa de Vila Real e brasonado desde 1665 com armas próprias. Os Meneses tiveram sempre a posse desta capela até que, em 1976, D. Judite Meneses a doou à Paróquia.
O retábulo, de notável beleza e simplicidade, ostenta o ícone de Santa Bárbara explicitamente ornado de vários dos seus atributos, como a torre, a coroa e a palma.

Entre várias outras lápides tumulares, destacamos aquela cuja legenda mais curiosidade desperta: "Aqui jaz o maior/ pecador do mun/ do - pede hum P[ai] N[osso]/ Ave Maria pelo/ amor de Deos/ 1755".
Justamente o terramoto de 1755 terá deixado esta capela bastante arruinada, não sendo de excluir que em 1873 se tenha restaurado.

Capela de Santa Marta

Construída na Reixida na primeira metade do século XVII, a capela de Santa Marta terá sido uma obra do bispo D. Dinis de Melo que foi o prelado de Leiria entre 1627 e 1636.

O pequeno templo foi erigido especificamente para administração dos sacramentos, devido à distância a que se encontrava a matriz, e por isso os moradores da Reixida e vizinhos eram obrigados à fábrica dela.
Sofreu algumas alterações ao longo do tempo, havendo ainda memória de ter, como a da Senhora do Monte, um pequeno alpendre.

Nela oraram, em Setembro de 1917, as duas videntes de Fátima, Jacinta e Lúcia, quando estiveram hospedadas durante oito dias em casa de D. Maria do Carmo Marques da Cruz Menezes. Uma lápide colocada a 7 de Outubro de 1995 neste templo, justamente 78 anos depois, assinala e evoca aquele evento.
A imagem da padroeira, Santa Marta, é de pequena estatura e está em local reservado. O ícone à vista é uma imitação recente
Capela da Senhora de Lourdes

Os habitantes mais idosos das Fontes não sabem dizer muito bem quando é que a capela local foi construída mas, pelos episódios contados, as obras terão começado no princípio deste século.

Um deles, nascido em 1901, lembra-se de ter ido com outro colega já falecido buscar as pedras do retábulo e do altar à localidade da Perulheira, à oficina de um tal Rei, por sinal o escultor da pequena imagem da Virgem que se encontra num nicho por cima da porta da capela.

Um outro, nascido em 1908, dizia lembrar-se do espaço onde agora está a capela e que foi preciso tirar de lá grandes pedras para começar as obras. Um terceiro, nascido em 1907, muito lucidamente, informa que a imagem de N. Sra. de Lourdes que está actualmente no retábulo da capela não é a original e que esta, mais pequena, está na sacristia, já muita velha.

Mais diz que essa imagem original terá sido oferecida por Joaquim Marques, das Portelas, "homem muito dado a coisas de capelas e igrejas", logo quando a capela "foi feita em 1914-15". Como não sabiam a invocação a dar-lhe, Joaquim Marques sugeriu a de N. Sra. de Lourdes, exactamente por ter uma filha com esse nome e por ter muito gosto que a imagem ficasse com essa designação. E ficou mesmo.

Está localizada à beira do rio Lis, junto à fonte de 1899, e foi-lhe feita sacristia nova recentemente.
Há vestígios de uma capela velha, na Costa, a caminho dos Outeiros, edifício hoje utilizada como adega.
Capela da Senhora do Monte

Fruto de um voto particular atribuído a Diogo Gil, esta capela, localizada no Pé-da-Cabeça-do-Bom-Dia, a nascente do lugar da Abadia, data de 1550, podendo ler-se em legenda que sobrepuja a porta principal: "Esta casa mandou fazer Diogo Gil por sua devoção a/ onra.d.Nosa.S/ 1550". É presumivelmente a mais antiga construção da freguesia das Cortes ainda de pé.

De arquitectura simples, mantém o alpendre, simplificação das galilés típicas da época, como a da N. Sra. da Encarnação, que lhe dá um tom acolhedor. A imagem da Virgem, em pedra, que o poeta Afonso Lopes Vieira baptizara de "madrinha", era a primitiva até 26 de Setembro de 1991, data em que foi roubada, vindo a ser posteriormente substituída por uma escultura de Fernando Marques.

A parede sul tem incrustada uma lápide com o nome dos militares da freguesia das Cortes que participaram na Grande Guerra de 1914-18.

Capela da Senhora da Saúde

A capela da Sra. da Saúde, localizada no lugar de Famalicão, é de construção recente e foi aberta ao culto em Maio de 1988.
Até esta data, o lugar de Famalicão não tinha capela nem festa local, se bem que a sua população exprimisse desde sempre uma especial devoção por Nossa Senhora, talvez porque a tradição faz localizar o aparecimento da imagem da Sra. da Gaiola, padroeira da freguesia, junto da localidade.

A própria capela primitiva da Sra. da Gaiola teria sido erguida num local ainda hoje conhecido por Vale de Santa Maria, entre as Cortes e Famalicão, tendo sido depois mandada destruir pelo bispo D. Martim Afonso Mexia, cerca de 1607, após a inauguração da igreja paroquial, "sobre o que teve demanda com o cabido, mas derribou-se"
Nicho de N. Sra. do Rosário

Localiza-se nas Cortes, na Estrada Principal, não muito longe da ponte. É o que resta de uma ermida que existia no local, construída no ano de 1576, sendo bispo D. Gaspar do Casal, e que foi cortada quando se traçou a actual rodovia.

Guarda uma escultura de pedra de 1,14m, representando a Virgem, policromada e envolvida por um rosário de 10 rosetões.
Dizem algumas fontes que os administradores desta ermida eram os Azambujos
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Cruzeiro da Senhora do Monte

Trata-se do primeiro Monumento aos Mortos da 1ª Grande Guerra de 1914-18 erguido em Portugal, com data de construção de 29 de Setembro de 1919, três anos antes do de Pinhel e dois antes da fundação da própria Liga dos Combatentes. Homenageia em particular dois soldados mortos em França como se pode ver pela legenda inscrita na pedra: "Homenagem/ de/ gratidão/ à memória dos/ soldados/ Francisco/ de O. Ponte/ e Francisco/ Almeida da/ freguesia das/ Cortes. Mortos/ em França/ na Guerra/ de/ 1914 a 1918".

O ciclone de 16 de Fevereiro de 1951 e um raio deixaram o Cruzeiro parcialmente destruído. Só em 1953 António Marques, por sua iniciativa, o mandou reconstruir, reinaugurando-o em 25/9/1955 com grande pompa e na presença de mil crianças da região.

70 anos depois da sua construção, a 24 de Setembro de 1989, o Cruzeiro voltou a ser centro de atenções. Ali foi aposta uma lápide de homenagem a dois militares mortos na guerra colonial de África, Júlio Soares e Victor Menezes, tendo na ocasião decorrido uma cerimónia em que participaram as mais diversas individualidades.
Afonso Lopes Vieira é o autor de duas quadras também gravadas naquelas pedras singelas:
Cemitério
Até finais do século XIX, a freguesia das Cortes fazia enterrar os seus defuntos dentro da igreja paroquial e, depois, no respectivo adro. Rodrigues Cordeiro e sua mãe encontram-se sepultados na igreja, podendo ver-se a campa na capela do Senhor dos Aflitos.

Segundo os Registos Paroquiais (óbitos), o último indivíduo a ser enterrado no Cemitério Público da Igreja Paroquial foi uma criança de 3 meses, de nome Regina, filha de Joaquim Santo, em 28 de Fevereiro de 1900. Em 15 de Março desse mesmo ano, o corpo de Maria Luíza, das Cortes, de 90 anos, natural do Sobral (Barreira), já era sepultado no Cemitério Público da Freguesia, ao Casal Branco.

Por conseguinte, data de 1900 o actual cemitério das Cortes onde, em 1986, ainda eram visíveis campas com datas de 1902 (nº 220), 1905 (nº 313), 1906 (nº 428) e 1907 (nº 414). Detém alguns jazigos, mas os de traço arquitectónico mais interessante foram entretanto demolidos.
Acrescentado recentemente, o aspecto do cemitério é sóbrio, sendo o portão do poente um belo exemplar.

PARIMONIO URBANO
Casa-Museu João Soares




m concreto, esta instituição constitui um museu vivo cujo acervo comporta as memórias de João Lopes Soares e os diversos objectos e recordações de Mário Soares durante os seus dois mandatos como Presidente da República (1986-1996) e ainda tudo o que foi acumulando ao longo da sua vida de político, desde o exílio ao regresso, logo após o 25 de Abril, e nas funções que foi depois desempenhando no Governo como Primeiro Ministro, Ministro e outras.

Ali se podem consultar, de forma sistemática , objectos e documentos que representam cerca de 100 anos de republicanismo em Portugal, cujo início faz ainda remontar ao tempo da monarquia e à preparação da instauração do sistema republicano em Portugal.

A Casa-Museu João Soares tem dois auditórios, um interno e outro ao ar livre, nos terrenos anexos, uma biblioteca geral dedicada aos grandes vultos das letras portuguesas, em especial aos da região de Leiria, para consulta pública, e um extenso jardim, aberto à população local. Compõe-se ainda de outros espaços onde está exposta de forma organizada e sistematizada uma importante colecção de quadros e gravuras que Mário Soares foi guardando e outros oferecidos à Fundação com esse fim.

Um outro espaço é dedicado a parte de condecorações e lembranças que foram oferecendo a Mário Soares no decorrer da sua vida política. E ainda um outro com fotografias importantes deste século, ligadas ao movimento da República, testemunhos de João Soares e do filho, e uma considerável quantidade de documentos, já catalogados. Finalmente, uma sala especial detém meios audiovisuais onde se podem visualizar intervenções de Mário Soares e de outras personalidades em seminários, conferências, entrevistas e debates televisivos.

Em anexo foi erguido um pequeno edifício com dois apartamentos que se destina a espaço habitável para responsáveis da Fundação ou investigadores.

Mário Soares tem manifestado o desejo que a Casa-Museu seja um palco privilegiado de realizações culturais e pedagógicas, susceptível de transformar o próprio espaço numa realidade dinâmica, isto é, um museu vivo que possa ser aproveitado pelas escolas, instituições de ensino superior e outras de cariz cultural.
A importância do acervo faz com que a localidade seja considerada um ponto de interesse importante no roteiro turístico da região.

Esta Casa-Museu constitui o pólo mais importante da Fundação Mário Soares e tem como responsáveis pela sua concepção a arquitecta italiana Daniela Sabrina, para o edifício, e o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, para o jardim anexo. Foi inaugurada em finais de 1995.
Escola Primária das Cortes
Em construção já em 1931, esta escola só em 1934 foi aberta ao ensino, tendo sido objecto de alguma polémica em virtude de a iniciativa ter partido de autoridades locais e a expensas de alguns cidadãos, entre eles o Eng. Charters que doou o terreno. Segundo uma lápide fixada na fachada, trata-se de um "Edifício construído/ sob o Governo da/ Ditadura Nacional/ Ano de 1934". Localiza-se no Casal Branco, tem duas salas de aula, dois gabinetes, um anexo nas traseiras e largo pátio de recreio.

A escola funcionava antes na povoação das Cortes: as meninas num edifício particular da rua da Fé; e os meninos num edifício junto ao adro da igreja que foi posteriormente casa de ensaios da Filarmónica e sede da Junta de Freguesia.
Restaurada em profundidade em finais de 1994, a Escola das Cortes tem hoje boas condições para a prática lectiva.
Fontenários
O fontenário mais velho de que se possui data exacta é o do Valverde (Cortes) que ostenta a data de 1884, embora os documentos assinalem 18 de Março de 1883. Foi construído por José Vieira e custou 192.290 reis.

A construção de um fontenário na Amoreira foi aprovada em 26 de Novembro de 1936, e a do fontenário da Reixida em 31 de Dezembro do mesmo ano. A 28 de Junho de 1937 foi aprovada a construção do de Famalicão.

Há também fontenário nos Mourões, na Abadia e no Moinho Novo. No lugar das Fontes, o fontenário, com data de 1899, é uma nascente natural. Na extinta povoação dos Galhetes consta que a fonte pública foi vendida a um particular antes de 1974. No lugar das Cortes foi demolido o que existia junto à igreja; e a velha fonte do Portinho, que tanta água deu à população, é hoje um recanto esconso.

Junto à Quinta da Cerca mantém-se, agora alindado com um painel de azulejos da autoria de Fernando Marques, um chafariz, construído pela "Junta da Paróquia" em 1926, que servia para dar de beber aos animais. É abastecido pela Nora, a partir do rio Lis.

A dotação de água ao domicílio na freguesia, a partir de 9 de Novembro de 1963, acabou por converter estas estruturas vitais em relíquias que o tempo se tem encarregado de votar ao esquecimento.
Janela(s) manuelina(s)
Junto da ponte das Cortes, incrustada na parede norte de uma casa particular, é visível uma belíssima janela rendilhada, de recorte manuelino, que aparentemente nada terá a ver com aquela casa nem com as janelas que a ladeiam.

Poderá ter sido ali aplicada sem outra razão que não fosse o aproveitamento de um espécime arquitectónico valioso. e é bem provável que ela seja proveniente da ermida da Senhora do Rosário, que ficava logo ali a dois passos, retirada quando da sua demolição.

Aliás, por detrás do Nicho de N. Sra. do Rosário encontra-se, numa parede virada a sul, uma outra janela de fino recorte cuja origem provável também terá sido o corpo daquela antiga ermida.
Noras do rio


Contributo da tecnologia árabe, as noras do rio Lis eram usadas naturalmente para tirar água do rio para regar as culturas do vale. Junto à ponte das Cortes, onde chegaram a existir três exemplares, a água tirada era utilizada também com outros destinos, para uso doméstico ou industrial, particularmente alambiques.

Desde as Fontes até às Cortes ainda se podem ver algumas noras já pouco utilizadas com o fim prático para que foram concebidas, mas mais com sentido estético e museológico. O único exemplar existente no lugar das Cortes é um verdadeiro ex-libris da freguesia, figurando no brasão como motivo principal. A água que retira do rio é canalizada para o chafariz que, desta forma, está a ser permanentemente abastecido
Ponte do Cavaleiro

Classificada Obra de Arte, a Ponte do Cavaleiro, erguida sobre o rio Lis na povoação do mesmo nome, a norte do lugar das Cortes, ostenta quatro belíssimos arcos que indicam o quanto o caudal podia ser alteroso naquele trecho do rio.

Não tendo sido ainda devidamente datada, é provável que a sua idade seja provecta. O local era conhecido no período medieval por Porto de Menendi, de Monim ou de Mem Cavaleiro. No século XV já se grafava também Porto de Cavaleiro, ali chegando os limites do Relego. A alteração de Porto para Ponte é mais recente.

Tem 4,5 metros de largura, incluindo as grades de alvenaria, e só 3,6 metros de faixa de rodagem. Os dois arcos de norte estão parcialmente assoreados, correndo o rio apenas pelos dois arcos do sul. Desde Novembro de 1992 que tem projecto de alargamento para 7,6 metros, 6 dos quais para faixa de rodagem.

 Solares
Em finais do século XIX, princípios do século XX, a fisionomia da baixa cortesense, conhecida hoje por zona envolvente da ponte, sofreu alterações consideráveis. À direita do rio ergueram-se os solares de D. José Pais de Almeida e Silva e de D. Maria Isabel Charters, hoje propriedade do escultor D. João Charters de Almeida, e o do escritor, jornalista e polemista Dr. António Xavier Rodrigues Cordeiro, depois casa de campo do poeta Afonso Lopes Vieira e hoje propriedade de sua afilhada, D. Maria Helena Barradas. Contíguo a este, ainda outro solar, mandado construir pelo Dr. José Lopes Vieira, e hoje propriedade do escultor Botelho de Sousa. Uns metros à frente, na Estrada da Ribeira, um outro, mandado construir por Joaquim Marques da Cruz, está hoje devoluto, embora propriedade da família Almeida.
Ainda na Estrada da Ribeira, à direita de quem sai das Cortes, encontra-se em meio de outra quinta um notável edifício mandado construir em 1922 por Manuel Ricardo dos Santos Pereira, que tem a assinatura do famoso arquitecto Ernesto Korrodi. Tem passado também por várias mãos, incluindo as da família Marques da Cruz, sendo hoje propriedade das Caves Vidigal que a utilizam como ex-libris dos seus rótulos e publicidade e como espaço eleito para iniciativas de cariz social e cultural.




Entre o Alqueidão e as Portelas da Reixida, construiu, nos anos 40, um belo solar o Dr. Américo Cortez Pinto, ali passando grande parte dos seus períodos de lazer e ali trazendo as figuras gradas do seu tempo, entre eles o professor Hernâni Cidade.


ambém na Abadia, num pequeno trecho a que chamam a Portela, se vêem dois belos edifícios. Localizam-se à esquerda de quem caminha para a Senhora do Monte e são propriedade das famílias Pereira.
O primeiro, com um alpendre típico, data dos finais dos anos 80 do século passado e foi mandado construir por Francisco Alves Pereira, industrial de curtumes e avô da actual proprietária, D. Ermelinda Pereira. Este edifício tem servido já para trabalhos de final de curso de Arquitectura.

O outro, em propriedade contígua, mas afastado e abaixo do nível da estrada, foi mandado construir em finais do século passado por um tal senhor Calçada, da Azoia, tendo sido em seguida adquirido pelo mesmo Francisco Alves Pereira. Nele viveu depois o casal Joaquim Alves Pereira e D. Júlia Alves Pereira, pais nomeadamente de D. Ermelinda e do Eng. Artur Alves Pereira, sendo hoje propriedade deste último e duma irmã, D. Júlia. Esta residência, com um vasto primeiro andar, estava habitualmente envolvida por belíssima vegetação que lhe dava uma feição singular. Restaurada recentemente, apresenta-se agora mais despida de vegetação, mas ainda com um belo aspecto que lhe empresta um ar nobre.



Na Reixida são ainda notórios os edifícios junto da actual capela. Designadamente um que foi de José António da Silva Menezes e de D. Maria do Carmo Marques da Cruz Menezes, onde estiveram hospedadas, em Setembro de 1917, as duas videntes de Fátima, Jacinta e Lúcia. E um outro, exactamente por detrás da capela, hoje propriedade do Dr. Manuel Marques da Cruz e que foi de seu pai, José Marques. São ambos de traça típica, com escadaria e alpendre
PATRIMONIO ARQUEOLOGICO
Estação Paleolítica da Quinta do Cónego
Em 1947 o Prof. Doutor Manuel Heleno descobriu nas Cortes 84 objectos de interesse arqueológico, encontrados nas Pousias, junto à sede de freguesia.

Mas só a partir de 1968 foi estabelecida a existência de uma jazida arqueológica no local, a que se deu o nome de Estação Paleolítica da Quinta do Cónego. Nesta segunda fase, os indícios foram detectados pelos professores e investigadores Georges Zbyszewski e Veiga Ferreira aquando dos levantamentos geológicos da carta 1/50000, de Leiria, colhendo então mais 23 peças. A estação está situada 300 metros a NW da Quinta do Cónego, e a 675 metros a NNW da igreja das Cortes, a SE de Leiria, na margem direita do rio Lis, à superfície de um pequeno retalho de terraço tirreniano, a cerca de 25 metros acima do nível do rio.

Ali se encontraram materiais que permitiram classificar a estação, ocorrendo um acheulense com coups-de-poing, unifaces ou bifaces de formas variadas, compreendendo grandes machados e outros.
Várias escavações foram feitas depois, a última das quais em Outubro de 1989, à frente das quais se encontrava o arqueólogo Dr. João Pedro Cunha Ribeiro, tendo-se então colhido várias centenas de peças corroborando a classificação paleolítica da estação.

Considerada uma das que mais materiais tem fornecido, e só se escavou uma pequena parcela, a Estação, localizada em propriedade particular, está ao abandono.
Vestígios romanos nas Fontes
Em Outubro de 1992, o Dr. José da Silva Ruivo divulgava na imprensa a existência de vestígios da época romana no lugar das Fontes, na região das Camarinhas.

A estação arqueológica é apenas reconhecível pelo aparecimento, entre os vinhedos, de uma quantidade considerável de vestígios materiais, geralmente muito fragmentados, que recordam a presença romana no local, há quase dois mil anos.

Foram inventariados restos de cerâmica de construção, tais como grossos telhões de barro, uns com rebordo (tegulae), outros curvos (imbrices), à mistura com tijolos e tijoleiras, e ainda cerâmicas de uso doméstico, como restos de potes, vasilhas, panelas, etc., escórias de ferro, pesos de tear em pedra e em argila e numerosos blocos de calcário, toscamente aparelhados, que parecem ter servido outrora nos muros de uma edificação.

Tudo parece indicar que os vestígios achados respeitam a uma ocupação do Baixo Império (séculos III a V d.C.).

PATRIMONIO NATURAL

Nascentes do rio Lis
Património natural de grande beleza, as nascentes do rio Lis, no lugar das Fontes, estão inseridas numa zona verde que outrora foi mata real e que, pelas características do seu solo, calcário, tem várias surgências disseminadas, ocasionando o rebentamento das águas, sobretudo no inverno e na primavera, desde o início do rio até pelo menos ao Pego, junto ao Moinho do Rato.

Fresco e viçoso, o local é muito aprazível, particularmente quando a água jorra da grota, lá bem no meio da mata.
No verão, as nascentes baixam e o caudal diminui drasticamente, razão por que se açuda o rio junto à ponte e se faz da albufeira criada uma zona de lazer ou a praia das Nogueira

 Junta de Freguesia 
É um edifício solarengo, de princípio do século, que foi residência de figuras emblemáticas da sociedade leiriense, muito especialmente do musicólogo D. José Pais de Almeida e Silva e do seu filho, o escultor D. João Charters de Almeida e Silva. Adquirido pela Câmara Municipal de Leiria, foi entregue à Junta de Freguesia das Cortes em Julho de 1997 para instalação dos serviços da Autarquia e outros. Arquitectonicamente insere-se na linha de solares da beira-rio, com uma feição romântica discreta, mas com uma volumetria imponente que não tem nada a ver com o casario popular da sua época


Gastronomia



Cabrito Assado no Forno
Ingredientes
carne de cabrito q.b. partida aos bocados
5 colheres de massa de pimento doce
1 colher de massa de pimento picante 
2 cebolas 
2 dentes de alho 
1 copo de whisky 
2 copos de óleo 
sal q.b. 
Modo de Preparo
1.   Na véspera, misturar o óleo, o whisky, os dentes de alho picados, as cebolas picadas, a massa de pimento doce e a de pimento picante.

2.   Tempera-se o cabrito com o sal e mistura-se o cabrito no molho preparado, deixando descansar até o dia seguinte.

3.   Quando for a altura de cozinhar, basta levar ao forno médio cerca de 1 hora e meia
     4. Sirva acompanhado de batatas ou arroz a gosto.



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