segunda-feira, 21 de maio de 2012

SÁ DE MIRANDA - SONETO 11


SONETO   11 
Em tormentos cruéis, tal sofrimento,
em tão contínua dor, que nunca aliva,
chamar a morte sempre, e que ela, altiva,
se ria dos meus rogos, no tormento!

E ver no mal que todo entendimento
naturalmente foge, e quanto aviva
a dor mais o vagar da alma cativa,
a quem não fará crer que é tudo um vento?

Bem sei uns olhos, que têm toda a culpa,
e são os meus, que a toda parte vêm
após o que vêem sempre e os desculpa.

Ó minhas visões altas, meu só bem,
quem vos a vós não vê, esse me culpa,
e eu sou o só que as vejo, outrem ninguém!

SÁ DE MIRANDA

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