segunda-feira, 16 de abril de 2012

PEDRO TAMEN - O SANGUE

O SANGUE

10
Mil vezes homem, mil vezes grito,
mil vezes hora em que, mil vezes,
tudo foi , de novo e para sempre, nascido e consumado.

Nós ouvíamos o murmúrio da terra:
naquele dia, a esperança do seu ventre,
a solidão difícil das profundas,
o raro espaço que se oculta sob as rochas,
os restos que um cataclismo nos deixou
— viram de frente a Face,
voltaram-se surpresos, quando de súbito
um novo líquido os tocou e percorreu
e trouxe à luz da terra; quando, anunciado,
se perfez um lento marulhar, santa fecundação.

PEDRO TAMEN

Nenhum comentário:

Postar um comentário