segunda-feira, 31 de outubro de 2011

POEMA DO TRÁFEGO RUI MANUEL AMARAL

POEMA DO TRÁFEGO 
Tombou uma gota, depois outra,
em seguida numerosas gotas tombaram
sobre os vidros e o tejadilho.
As velhotas fecharam as janelas
e o ar ficou mais quente.
Agora é um imenso casulo azul,
cercado pelo murmúrio da chuva.
Em volta há milhares de flores intermitentes
brilhando na escuridão.
Flores vermelhas, verdes
e amarelas.
O rádio explode: 20 horas no continente e madeira,
19 nos açores.
Enquanto as velhotas cabeceiam,
o autocarro avança mais um metro

por dentro da eternidade.
RUI MANUEL AMARAL

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