segunda-feira, 25 de julho de 2011

FREGUESIA DE QUIAIOS

rEGIÃO      centro
SUB  REGIÃO   baixo mondego
DISTRITO coimbra
CIDADE    figueira da foz
FREGUESIA   Quiaios


Quiaios dista da sede de concelho cerca de 8 Km a norte do Cabo Mondego e Serra da Boa Viagem.
Possui a mais bela e diversificada paisagem, com mar bravio, uma praia infinita onde ainda existem locais quase virgens, a serra agreste, e as valiosas lagoas.
Estas últimas, situam-se na Mata Nacional das Dunas de Quiaios e assumem um importante papel para as aves migratórias.





 A esta freguesia pertencem os lugares de Casal Novo, Cova da Serpe, Ervedal, Murtinheira, Praia de Quiaios, Sta. Marinha e uma parte da Serra da Boa Viagem.
Quiaios é uma freguesia muito antiga, pois a origem do seu nome pode estar ligada à reconquista de Coimbra e de Montemor aos mouros, situando-se entre os séculos IX e XII.

Existem várias versões dessa mesma origem. Uma delas diz que D. Afonso Henriques, na sua luta contra os mouros para os expulsar do país, encontrando-os nesta povoação, chamou pelos seus acompanhantes e gritou bem alto: “Corramos sobre os moiros. Aqui há-os!”. É bem visível a origem do topónimo derivado desta contracção.
O topónimo Quiaios pode ser também de origem fenícia ou cartaginesa e a sua formação poderá ter sido: Qiqayon- Qiayon- Qiaionus- Kiaius- Quiaios.
A tradução da palavra pode ser Hera, Rícino ou Aboboreira, são todas designações de plantas.

Historia

Os primeiros registos desta povoação datam do século IX d.C. .
Já em 1122 outros documentos referem que a rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, doou ao seu amante, D. Fernando (Fernão) Peres de Trava, o castelo de St.ª Eulália, o de Soure e a Vila de Quiaios, como recompensa pelos seus bons serviços.

Devido às discórdias entre mãe e filho, que inclusivamente resultaram na Batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques assume a governação do reino e expulsa de Quiaios o amante de sua mãe.
Graças à árdua tarefa que Paio Guterres desempenhou na Independência de Portugal, o rei doou-lhe em 1134 parte da vila de Quiaios.

A outra parte foi doada ao Mosteiro de St.ª Cruz de Coimbra.
Mais tarde, a 23 de Agosto de 1514, no reinado de D. Manuel I, a vila de Quiaios recebe foral que certificava as obrigações e regalias da povoação.


O concelho de Quiaios é abolido em 1836 e aparece como freguesia do concelho de Maiorca em 1842. Quando este é extinto, em 31 de Dezembro de 1853, passou Quiaios a incluir-se no concelho da Figueira da Foz.

Patrimonio
IGREJA MATRIZ,
Dedicada ao padroeiro da vila, S. Mamede. Foi, em outros tempos, Matriz da Ordem dos Vigários e estavam a ela ligadas as igrejas de S. Teotónio de Brenha e Santa Cruz do Castelo de Redondos (Buarcos). Da ampliação de uma antiga capela, datada de 1635 surgiu a actual igreja.
Já no interior da mesma, podemos constatar um letreiro indicando a data do termo das obras - 1659. A igreja contém algumas obras de pintura e de escultura. A nível da escultura pode observar-se no retábulo lateral esquerdo o Sagrado Coração de Jesus e no retábulo lateral direito, Nossa Senhora de Fátima, que “Visitou” esta igreja de 10 a 17 de Março de 1957.

No que diz respeito à pintura, salienta-se uma tela, no altar-mor, pintada por um artista coimbrão, Luís Serra, do ano de 1893 e que representa S. Mamede. O tecto é feito de madeira, em caixotões. Encontra-se ainda um púlpito (do lado esquerdo), um coro alto e invulgares azulejos coloridos. Datam de 1787 e 1862 os sinos da torre da igreja.


A CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA
Está situada no extremo Nordeste da povoação. Esta capela foi construída pelo sobrinho do Bispo de Coimbra, D. José Melo Mendonça, no século XIX. No interior destacam-se as esculturas de Nossa Senhora com o Menino, e a de S. Brás, ambas do século XV e a de Santa Luzia, do século XVII. Curioso é o facto de nesta terra terem existido cinco capelas, quando agora só existe esta.

Situada na serra da Boa Viagem encontra-se a CAPELA DE SANTO AMARO, que é datada do século XIX. Realiza-se uma romaria em honra de Santo Amaro no Domingo seguinte ao dia 15 de Janeiro.


A CAPELA DO SENHOR DOS AFLITOS,
Está situada no cimo da povoação da Murtinheira. No primeiro Domingo de Outubro organiza-se uma romaria em honra do seu patrono - Senhor dos Aflitos.


A CASA DA RENDA
E um edifício setecentista localizado no centro da povoação. Funcionava como celeiro das Rendas Crúzias, daí a origem do seu nome. Hoje as instalações estão ocupadas pelo ATL, centro de dia e Lar da 3.ª idade.


Fontes e Lavadouros
Podem ver-se duas fontes e três lavadouros que ainda funcionam em Quiaios.
A fonte do Ribeiro, construída em 1840, tem uma nascente própria, e as suas águas vão regar a quinta e os fundigos.
As lavadeiras, antigamente lavavam a sua roupa em grandes pedras nas valas. Para secarem a roupa estendiam-na sobre a erva que hoje é o sítio do actual Jardim de Quiaios, construído em 20 de Maio de 1976. O lavadouro mais antigo, é o que se situa perto do mesmo Jardim, estando actualmente a ser transformado em Sala de Leitura.

Monumento Megaliticos e Estacoes 
Arqueologicas

A freguesia de Quiaios tem zonas de presenças pré-históricas na área da Serra da Boa Viagem, como é o caso dos dólmenes, que datam do quarto milénio a.C.. Salienta-se ainda a estação dos Pardinheiros onde se encontraram vestígios da Idade do Ferro, da Época Romana e da Idade Média.

Este material foi, em parte, recolhido e estudado pelo arqueólogo Dr. Santos Rocha, nos finais do século XIX, os quais se podem observar no Museu Municipal da Figueira da Foz.



Cultura e Desportos

Existem na freguesia várias colectividades, que com todo o esforço tentam preservar e divulgar as suas actividades musicais, desportivas, culturais e, claro está, etnográficas. Destas inumeram-se algumas:
A “Filarmónica Quiaense” foi a primeira associação a surgir em Quiaios. Data a sua fundação de 1869. Possui uma banda com 60 elementos e uma Escola de Música na qual o ensino é gratuito.

O “Grupo de Instrução e Recreio Quiaense”, foi fundado a 5 de Outubro de 1913, por um grupo de sócios, na sua maioria agricultores. Presentemente a colectividade tem uma Orquestra, um grupo cénico e um rancho o
“Rancho Folclórico Regional de Quiaios”. Criado a 1 de Maio de 1956, é composto por 43 elementos. Procuram, fundamentalmente, recriar as actividades piscatórias e agrícola. Os trajes representam os utilizados no mar, no trabalho, no campo, nas festas e no casamento, tendo sido elaborados graças a testemunhos de pessoas idosas da terra, a fotografias antigas e a objectos da época. Tanto os trajes como as danças procuravam reviver as tradições Gandaresas do início do século XIX.

 

Há também o “Quiaios Clube” nascido a 1 de Janeiro de 1921. Tinha como actividades iniciais o ciclismo, o futebol, o teatro e mais tarde o atletismo. Hoje em dia, possui um grupo musical do mesmo nome com cinco elementos e um grupo de teatro “Grupo Cénico Quiaios Clube”






Festas

Muitas das tradições que outrora existiam acabaram por desaparecer. É o caso do “Enterro do bacalhau” (durante a semana da Quaresma só se comia peixe; quando se chegava ao Sábado de Aleluia enterrava-se o bacalhau, seguindo-se uma festa), “Cortejo de S. Tomé“ , as “Desfolhadas” e as “Malhadas de espigas de milho“ , “A morte do Judas” (pela Quaresma faziam um boneco de palha que representava Judas, recitavam versos que difamavam a vida alheia e por fim queimavam o boneco), “Casqueirada” (era realizado no Domingo Gordo e atiravam pedras e cascas de mexilhões às casas), “Cacarada” (fazia-se uma roda de jovens e atiravam um cântaro de mão em mão; quem não estivesse com atenção e o deixasse cair, saía da roda), as “Cavalhadas” (enfeitavam os burros com flores e colchas e iam à praia de Quiaios molhar os pés aos animais) e finalmente o “Badalo” (tratava-se de uma brincadeira onde atavam um fio ao puxador - badalo - e quando este batia na porta, os moradores vinham para ver de quem se tratava; só após várias insistências é que verificavam que era uma brincadeira).
No entanto há outros festejos que o povo não faz questão de esquecer, tais como “O Maio” que se comemora no dia 1 de Maio (Dia do Trabalhador). É uma tradição de gente jovem (rapazes e raparigas), que “roubam” coisas, principalmente burros, de preferência de noite, sem que os donos dêem por isso. No dia seguinte, quando os donos das coisas roubadas vão ver o desfile de mulheres com potes à cabeça, torna-se engraçado vê-los identificar as suas coisas. Há também a eleição do pote mais bem enfeitado.
A segunda festa é a “Festa do Senhor”, que se realiza no primeiro domingo de Setembro. É a festa popular de cariz religioso. É realizada uma procissão que percorre as ruas de Quiaios, regressando no fim à igreja. Termina a festa com um baile.
A terceira festa é a “ Festa de S. Mamede” ou “Festa do Padroeiro”. Deixou de se realizar todos os anos, mas em 1989, a “Comissão de Festas” resolveu voltar a comemorar esta festa da terra. Assim, no dia 20 de Agosto do mesmo ano recuperou-se esta tradição. O festejo é muito semelhante à Festa do Senhor, porque é de carácter religioso e termina com um baile.
Além destas, comemoram-se também o “St.º António”, no dia 13 de Junho (fazem-se marchas populares), o “S. João”, no dia 24 de Junho e o “S. Pedro”, no dia 28 de Junho. Fazem-se fogueiras onde reúnem as famílias, os vizinhos e os amigos aí come-se sardinha, bacalhau, chouriço assado na brasa com broa ou Torta.

Arte  Xavega e outras

A pesca foi noutros tempos a actividade mais importante, a qual era utilizada para a sobrevivência da parte da povoação. Era feita manual e artesanalmente.
Havia na praia de Quiaios duas companhas de pescadores. As suas embarcações eram feitas de madeira.

À medida que estas chegavam à praia, juntavam-se ali familiares e amigos para ajudarem a puxar as redes carregadas de peixe, sendo mesmo necessário, por vezes, a utilização de duas juntas de bois para auxiliarem no processo - A Tradicional Arte Xávega. Esta prática já não se verifica, mas ainda subsiste uma embarcação em ruínas, que dificilmente tenta sobreviver debaixo dos maus tratos do ar marítimo e de todo o tipo de intempéries.
De salientar o facto de estes pescadores habitarem em palheiros, construídos por eles próprios, na praia, onde actualmente é a povoação da Praia de Quiaios.

Esta casa tinha apenas uma divisão, o que demonstra o modo simples da vida destas gentes.
Actualmente, existe somente uma réplica na Praia de Quiaios, dos palheiros outrora construídos.



O turismo começa agora a ser uma das actividades económicas mais produtivas na Praia de Quiaios, pois oferece já um leque de infra-estruturas necessárias como bares, restaurantes, marisqueiras, discoteca, um parque de campismo,


Piscinas de adultos e crianças, Colónias de Férias da Cáritas Diocesana e G.N.R. e o Posto da Guarda Nacional Republicana. No entanto, este progresso dá origem a aspectos muito negativos, como é o caso da destruição de sítios típicos e até da própria natureza.
Antes, viam-se juntas de bois a puxarem barcos e redes, hoje só se vêem banhistas e casas arquitectonicamente desfasadas do tempo e do espaço.



A prática da agricultura faz-se como meio de subsistência, mas ainda há quem vá vender os produtos ao mercado da Figueira. As culturas que se produzem são: a batata, o milho, a beterraba, a ervilha, a fava, etc ...





Gastronomia

A gastronomia de Quiaios tem uma particularidade muito especial que é a sua chouriça.
Também a torta ( Broa feita com carne ou sardinha), a linguiça e o chouriço são muito apreciados. Os enchidos são confeccionados tipicamente. Quanto a doces, salientam-se o folar, o arroz doce e os filhós, que curiosamente não são feitos de abóbora.

Broa de Sardinha
Ingredientes
Massa de broa de milho
6 sardinhas
40 g azeite
1 cebola
Sal qb
Modo de Preparo
1.  Preparar a levedura da massa
2.  Enquanto levedar , retirar a cabe;a e o rabo das sardinhas e desfiar retirando as espinhas maiores
3.  Picar a cebola
4.  Juntar as sardinhas, o azeite e o sal
5.  Preparar a broa
6.  Juntar o preparado da sardinha , envolvendo a massa
7.  Retirar a massa, polvilhar com farinha de trigo,
8.  Fazer uma bola e aguardar que dobre de volume
Colocar no forno a 200º e deixar assar por 60 m.


Lendas e Tradicoes


DANÇAS E CANTARES
Fazem parte da memória dos mais velhos, a caninha verde, o fado mandado, o vira gandarêz, o verde gaio, a tirana, o vira de quatro, o milho rei, a farrapeira, a pombinha, o estalado, a salmanqueira, o rodízio e a mazurca, entre outras modas que se cantavam e dançavam nas festas e romarias desta terra, no final da feira, nas desfolhadas noturnas, nos arraiais populares, ou nos finais dos trabalhos da lavoura.
Datadas dos finais do séc. XIX princípios do séc. XX, estas melodias e  coreografias etno-folclóricas podem ainda hoje ser admiradas aquando das exibições do Rancho Folclórico local.




Nenhum comentário:

Postar um comentário