sábado, 21 de maio de 2011

FREGUESIAS DE REBORDÃOS

rEGIÃO               NORTE
SUB  REGIÃO   TRAS-OS-MONTES
DISTRITO         BRAGANÇA
CIDADE           BRAGANÇA
Freguesia Rebordãos

OS ímbolos Vexilológicos  
Os símbolos de um local físico ou pessoa coletiva, nomeadamente bandeiras, estandartes e insígnias, são estudados pela vexilologia, isto é, o estudo heráldico dos seus elementos constitutivos e dos seus significados. O termo foi cunhado pelo americano Whitney Smith em 1957 e provém do latim vexillum, que designava os estandartes usados pelos exércitos romanos. Existem diversas recomendações e regulamentos nacionais e internacionais para a criação, por exemplo de bandeiras e estandartes, mas alguns dos princípios orientadores são a simplicidade, o simbolismo, a limitação do número de cores, o evitar de legendas ou emblemas e o ser distintivo e representativo de uma única realidade.


o brasão é constituído por um escudo de prata encimado por uma coroa mural (também de prata) com três torres, indicativas de povoação simples ou freguesia urbana. O escudo compõe-se de um pelourinho em negro, com um ramo de carvalho negral com três folhas, em cada um dos lados do peloutingo. As folhas são de cor verde com 2 bolotas douradas, por baixo das quais 3 montanhas se erguem também em cor verde. Sob o escudo, encontra-se um listel branco com a legenda em letras pretas "REBORDÃOS", sem qualquer tipo de epíteto. Finalmente, o selo é redondo com a legenda "Junta de Freguesia de Rebordãos - Bragança" e é composto pelos mesmos símbolos que os restantes, mas todos em preto. Este símbolo não foi possível encontrar na WWW.
Por outro lado, a bandeira e estandarte (exclusivamente para desfile) são lisas e verdes, com brasão de três torres. No caso do estandarte (aquele abaixo apresentado), possui ainda cordão e borlas de verde e ouro e ainda haste e lança também de ouro.

Para quem conhece minimamente Rebordãos, compreende-se que os símbolos usados no brasão representam na perfeição a aldeia: o pelourinho da aldeia (que ainda aguarda enquadramento mais digno para a sua longa existência);


os ramos de carvalho negral, característico da paisagem circundante em grande abundância e outrora do país, símbolo de força moral e física; e as montanhas verdejantes que circundam a aldeia e a definem no seu cerne.

Uma outra simbologia importante é a do carvalho: este é muitas vezes considerado uma árvore sagrada, por exemplo pela sua robustez e a capacidade de atrair os raios e, desta forma, controlar as tempestades. Mais tarde, o seu carácter igualmente mágico levou a que a sua madeira fosse incluída em poções mágicas. Foi usado como o símbolo de Zeus e do seu equivalente romano, Júpiter, assim como da deusa Diana. A sua capacidade de se associar aos deuses e aos céus foi notória, daí a carga que ainda carrega.

Origem Etimológica

O português é uma língua românica, chamada também língua romance ou novilatina, uma vez que nasceu do Latim, trazida pelos romanos aquando da pré-invasão (de que Trás-os-Montes foi alvo) e das invasões romanas posteriores. O Latim pertencia ao grupo itálico que, por sua vez, pertencia à mega-família Proto-Indo-Europeia. A esta mega-família, pertencem línguas como o alemão, o inglês, o finlandês, o lituano, o búlgaro, o polaco, o bengali, entre muitas outras, pertencentes a diferentes famílias de línguas.

Revordanus seria então o nome da actual aldeia, outrora vila aforada, de Rebordãos. Etimologicamente falando, esta palavra sofreu ao longo dos séculos um conjunto de fenómenos fonéticos que a transformaram na sua forma actual. Revordanus seria a forma de nominativo, ou seja, o primeiro caso da segunda declinação (maioritariamente masculina) que desempenhava a função sintática de sujeito: “Revordanus belum est” [Rebordãos é belo]. No entanto, a Linguística Diacrónica, aquela que estuda a história da língua, diz-nos que a entrada do léxico romano no dialecto português de então deu-se por meio do acusativo, terceiro caso declinacional, com a função sintáctica de complemento directo: Revordanum.
Desta forma, revordanum teria sido o nome da aldeia que, por regra do acusativo, sofre uma apócope, isto é, a queda do -m final. Ter-se-á também dado a nasalação do a devido à influência do -n- intervocálico (entre vogais) e a consequente síncope desse mesmo n, novamente a queda de um som dentro de uma palavra. 
Finalmente, resta referir a alteração do /v/ para /b/, uma espécie de ensurdecimento da consoante sonora numa surda, provavelmente designada como assimilação parcial, numa tentativa de tornar um segmento sonoro mais semelhante a outro próximo, neste caso o /d/.
No entanto, todas estas alterações terão ocorrido em cadeia numa determinada progressão temporal, não necessariamente coincidente com a apresentada. Por exemplo, a queda do -n- intervocálico data do século IX.
Quando falamos de história da língua, há muitas incertezas e, como tal, também esta breve explicação diacrónica pode não estar totalmente correta.

O Pelourinho

 

 O Pelourinho de Rebordãos é um monumento protegido, de carácter "urbano, isolado, rodeado por habitações de um e dois registos, de carácter rústico", descrito como estando colocado "sobre soco com três degraus rectangulares, [que] assenta [em] base hexagonal bem como fuste monolítico do mesmo formato. A meia altura, o fuste apresenta semi-esferas. O remate é constituído por um bloco cúbico, com as arestas parcialmente cortadas por golpes côncavos, encimado por uma calote esférica."


Inicialmente, foi utilizado como um marco juridiscional e actualmente como um marco histórico-cultural da aldeia e mesmo do concelho. Apesar de ser propriedade estatal, encontra-se afectado à autarquia local, de acordo com DL de 1933.
Acredita-se que este monumento de arquitectura civil pública e medieval tenha sido construído entre os séculos XII e XIV e poderá ter marcado a atribuição de foral por parte de D. Sancho I em 1208 e posteriormente, em 1285, a concessão do segundo foral por D. Dinis. Luís Chaves, em "Os Pelourinhos Portugueses" (1930), classifica-o como sendo um "pelourinho de bloco ou coluço, derivado da gaiola em forma fechada, mas maciça". Em 1937, terá sido alvo de arranjo em granito dos degraus, inicialmente feitos de xisto.
Este pelourinho deu nome ao Bairro do Pelourinho, aqui com uma fotografia mais recente.


 

As novenas e as brumas da Senhora da Serra

 No fim do mês de Agosto, é habitual terem início uns nevoeiros cerrados sobre a Serra da Nogueira, Bragança, trazendo um frio pouco habitual às manhãs deste mês ainda de verão. Dizem os rebordanenses que estas névoas são muito comuns e que estas marcam o fim do Verão. Verdade ou não, certo é que as manhãs esfriam e as noites arrefecem assutadoramente, culminando em temperaturas consideravelmente baixas.

As névoas costumam anteceder as novenas da Festa da Senhora da Serra, santa à qual a romaria é dedicada e que costuma atrair centenas de pessoas à serra. Diz a lenda que a santa fez a sua aparição e prometeu que cairia neve em pleno Agosto.

Como tal sucedeu, ergueu-se um santuário e uma capela à santa, e mais tarde uma igreja, e deu-se início à romaria. Entretanto, a Confraria da Senhora da Serra construiu os quartéis e as marés de gente têm-se sucedido, todos os anos.

Castelum de Tourones - Revordanus


A importância estratégica do território de Rebordãos foi valorizada por todos os indivíduos que nela se interessaram. Mesmo supondo que a sua ocupação efetiva coincida com a ocupação romana ou somente a partir do século IV D.C., o seu nome é já duplamente referido nas Inquirições de 1285, como Revordanos e/ou Rebordãos. Claro está que este topónimo se refere à sua essência naturalista e transmite um claro sentido de "monte de carvalhos"

D. Sancho I concede foral a esta povoação em 1208, espaço importante e com privilégios decorrentes da sua integração na Casa de Bragança. Pois é neste foral que surge a alusão ao "castelum de tourones" na escrita latina: "(...) miles tenuerit castelum de Tourones pouset regalendo(...)", que segundo o ilustre e entusiasta Francisco Felgueiras (Amigos de Bragança, 1966: 19) significava que o cavaleiro fidaldo que detinha o castelo de Tourões estava impossibilitado de pousar em terras reguengas quando o desejasse, ou seja, nas terras de Rebordãos.

Situado num ponto alto da aldeia, está assente num maciço rochoso, "fragueiro gigantesco", com acesso limitado a sul e a nascente. A poente, o declive é repentino e corta um vazio de grande altitude, que lhe afirma distinta honra e temor para aqueles que o avistam ou visitam.

Esta fortificação terá sido ocupada por um sarraceno que se orgulhava do seu domínio sobre as várias povoações circunvizinhas e das quais exigia um tributo violento de várias mulheres, destinadas a animar e enriquecer o seu harém. Este dominador, mouro de referência, gostava de conservar o seu poder e mantinha bem alimentado um conjunto de leões que oferecia uma inegável defesa do castelo e dissuadia qualquer tipo de revolta popular contra o fidelíssimo ocupante.
O tempo encarregou-se de fazer produzir no imaginário dos seus habitantes (dominados e sujeitos a tal obrigação) uma forma de ocupar o castelo e assim desenhou-se a traição desejada. Consta então na lenda local que uma das escravas, sendo devidamente avisada para o efeito, e num momento de aparente tranquilidade e em pleno cenário noturno, escapa do seu indesejado inferno e acende uma vela num local visível pelos conspiradores e assinala assim o destino do mal amado sarraceno. A noite terminaria com a ocupação do castelo e a morte do seu régulo.

O ódio dos ocupantes (antes dominados) concretizou o resto do desejo colectivo em destruir os bens e o que o castelo representava e assegurou a vida das donzelas aprisionadas.
Ora o local onde a vela terá sido acesa ainda hoje é conhecido pelo vale da vela acesa ou, melhor dizendo, segundo a sabedoria local, o "Lameiro da Talvela".
O castelo ainda marca uma presença discreta mas, para aqueles que experimentam a sua existência, fortes emoções e sentimentos de respeito e atenção são-lhe seguramente atribuídas. Este local decerto que assumiria um cenário da luta entre cristãos e sarracenos, ou noutro cenário mais longínquo um local estratégico para a comunicação de sinais de fumo ou de acesas luzes nas noites de apelo aos povos vizinhos...


A força desta rocha da memória e  os "velhos baluartes de defesa da região: castelo de Bragança e Outeiro, o de Vimioso e Azinhoso ou de Mogadouro e Penas Roias, até ao de Monforte"! Fitar este castelo assente na natureza representa sempre um retomar da nossa história e um sentimento de respeito e (in)significância... O carvalho-negral é belo e infinito, é sangue novo para quem respira no seu ventre, é sorte única contemplar a sua força coletiva. É Rebordãos em pessoa!


Gastronomia
Folar de Rebordãos


Ingredientes:


1 kg de farinha,

125 g de manteiga,

2,5 dl de azeite,

40 g de fermento de padeiro,

1 dúzia de ovos, presunto, chouriça, salpicão e sal qb.


Preparação
:

1.  Desfaz-se bem o fermento num pouco de água morna temperada com o sal.
2.  Deita-se a farinha num alguidar e abre-se para formar um buraco ao meio.
3.  Aquecem-se os ovos em banho-maria e batem-se, assim como a manteiga e o azeite.
4.  Deita-se esta mistura no centro da farinha, isto é, os ovos aquecidos, as gorduras e o fermento.
5.  Trabalha-se muito bem a massa e deixa-se repousar cerca de 1.30 h.
6.  Entretanto preparam-se as carnes, cortando os enchidos em rodelas e o presunto e o toucinho em pequenos quadrados ou às tiras.
7.  Volta a massa à mesa de trabalho, para ser recheada com as carnes.
8.  Cortam-se pequenas quantidades de massa, dispõem-se-lhes as carnes misturadas nessa porção de massa, e corta-se mais um pedaço, com o qual se cobrem as carnes, fazendo com esta massa que se colocou em segundo lugar uma espécie de costura, para que o recheio não se espalhe.
9.  Metem-se as bôlas em formas próprias, untadas com manteiga e deixa-se descansar cerca de 30 minutos.
10.              Vai ao forno a cozer, mais ou menos 1h.
Retira-se do forno e pincela-se com gema de ovo, para ficar brilhante.

2 comentários:

  1. Meus Amigos, boa tarde.
    O motivo do meu contacto é um pouco diferente, mas tem a ver com Rebordãos.
    O meu Viavo paterno, chama-se Gelasio Simões Falorca, era, segundo sei de Mós de Rebordãos, ou Rebordãos e iniciou, na qualidade de Empreiteiro, sob a égide dos Franceses, a construção / implementação das Linhas de Caminhos de Ferro, então de linha reduzida, entre Bragança até ao TUA e daí às Beiras.
    Sabem-me dizer se a Freguesia é de: Rebordãos, ou de Mós de Rebordãos ?.
    E quanto ao incio de construção das Linhas de Caminho de Ferro, sabem-me dizer alguma coisa de concreto.
    Agradecia.
    Muito Obrigado
    Pedro Rocha.

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