segunda-feira, 23 de maio de 2011

FREGUESIA DE TAGILDE

rEGIÃO               norte
SUB  REGIÃO      ave
DISTRITO         braga
CIDADE           vizela
Freguesia Tagilde



                        GRUPO FOLCLORICO











Heraldica

Brasão - Escudo de vermelho, dois cachos de uvas de ouro, folhados de prata e alinhados em faixa; em chefe, duas memórias entrelaçadas de ouro, coroadas com coroa antiga, do mesmo, com pedraria verde; em ponta, roda de azenha de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: " Tagilde – Vizela "

Bandeira - Branca. Cordão e borlas de prata e vermelho. Haste e lança de ouro.
Selo - Nos termos da lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Tagilde - Vizela".
História

Existem duas teorias que tentam explicar a origem do nome Tagilde. A teoria de Francisco Xavier da Serra Craesbeeck no seu livro “Memórias Ressuscitadas da Província Entre Douro e Minho no ano de 1726”, refere que o nome Tagilde procedeu de Atanagildo, um Rei Godo do século VI.
Já para o Abade de Tagilde (João Gomes de Oliveira Guimarães) o nome de Tagilde provém de um senhor chamado Atanagildo, nome vulgar da época, que construiu a sua torre neste local. No seu livro “Tagilde Memória Histórico – Descriptiva” refere que na altura existia ainda na freguesia o nome da casa e quinta da Torre: “Protegidos pela torre de Atanagildo e ligados a alguma pobre ermida que os antigos povoadores, convertidos ao christianismo, houvessem edificado, (…) os colonos foram augmentando pouco a pouco, constituindo-se assim a parochia que de Atanagildo recebeu o nome por que é conhecida”.

Tagilde foi palco de um dos mais importantes acontecimentos históricos portugueses e talvez mesmo mundiais, o Tratado da Aliança Anglo-Português, também conhecido por Tratado de Tagilde, que ainda hoje vigora. Este Tratado foi firmado a 10 de Julho de 1372, junto à Antiga Igreja Paroquial de Tagilde, pelo rei português D. Fernando e pelos delegados do Duque de Lencastre. Neste acordo, Portugal tomara partido pela Inglaterra contra Henrique II de Castela e os seus Aliados Franceses.

O rei D. Fernando era casado com Leonor Teles. Na base do casamento estiveram razões passionais, mas também políticas, como a anulação da aliança com Henrique II de Castela, e, logo com a França, e a conquista da independência face aos dois blocos envolvidos na Guerra dos Cem Anos.

Mas, o que estaria o rei D. Fernando a fazer em Tagilde?
“Alfa Kapa” (pseudónimo) em Julho de 1955 publica um artigo na imprensa, onde refere uma lenda que explica tal facto. Segundo o autor, Leonor Teles era casada com João Lourenço e Cunha, quando se envolveu com D. Fernando. Então, o marido traído lançou uma praga à mulher, dizendo que a sua cara deveria encher-se de verrugas. D. Leonor Teles temendo a concretização de tal maldição e tendo conhecimento dos poderes curativos de S. Bento para tal mal, prometeu ao Santo, subir ao seu monte de cravo branco na boca, no dia 11 de Julho (dia de S. Bento).

Assim se explica o facto de na véspera da festividade, o rei e a sua esposa se encontrarem em Tagilde.
Também relacionado com Tagilde, está S. Gonçalo, que nasceu nesta freguesia, em 1187, na casa do Paço de Gonçalo Pereira, no antigo Lugar de Arriconha e actualmente Rua de S. Gonçalo.

 Sabe-se que os seus pais eram nobres e profundamente religiosos, legando, por isso, em S. Gonçalo três heranças preciosas: a dos bens materiais, a nobreza da família e a fé.


Embora não se saiba os seus nomes, sabe-se no entanto, que o seu pai se chamava Gonçalo.A tradição reza que no batismo S. Gonçalo (oito dias após o nascimento), esteve presente uma cruz de prata, em estilo gótico de um alto valor artístico e que constitui uma valiosa peça de ourivesaria portuguesa do século XII ou XIII.Segundo o Abade de Tagilde esta cruz é em prata sobreposta em madeira ostentando em alto-relevo ornamentações de folhas de vide e terminando as hastes em forma de flor-de-lis; na frente, no transepto tem letras I.H.S. e quase na extremidade medalhões sobrepostos com gravuras em alto-relevo que representam: no alto da cruz, uma figura masculina nimbada sustentando um livro na mão; no braço direito um livro na mão; no braço esquerdo, uma imagem da Virgem; no fundo, um anjo com um papel de música nas mãos; na parte posterior tem outros quatro medalhões, não sobrepostos com símbolos dos Evangelistas; no alto da cruz, a águia; no braço direito o anjo; no esquerdo o leão; no fundo o boi de asas.Consta-se que por altura do 25 de Abril de 1974, a cruz foi entregue à guarda dos Tesouros da Sé de Braga. Até então, e devido ao seu valor permanecia escondida em diversos lugares da freguesia.

Em honra a S. Gonçalo, existe uma simples capela mandada construir em 1657 com as esmolas dos devotos. Esta capela situa-se no antigo Lugar da Arriconha e agora Rua de S. Gonçalo.
Ligados a este santo ainda existem a Fonte e o Penedo de S. Gonçalo. Ainda hoje é grande a crença dos populares em S. Gonçalo que dizem ser o “advogado” dos ossos.
As inquirições dos primeiros Reis relatam a existência de um pequeno convento em Tagilde, talvez pertencente à Ordem Beneditina, e do qual já não existem vestígios. Para a sua extinção talvez tivesse contribuído a proximidade de grandes mosteiros, tais como: Pombeiro de Riba de Vizela, Vilarinho, Roriz e da Colegiada de Guimarães.
A Igreja Paroquial de Tagilde até ao séc. XIII foi padroado particular dos nobres de Riba de Vizela. À linhagem desta família (de Riba de Vizela) pertenciam várias quintas, entre elas, a Quinta da Quintã, pertencente a D. Gil Martins de Riba de Vizela (homem importante no Reinado de S. Sancho II e pertencente à Corte de D. Afonso III).
Também o morgado da Quinta da Torre fora outrora muito importante, devido à sua tradição e lendas que referem a existência de uma Gruta que servia de cadeia aos malfeitores da região. Esta Gruta, juntamente com a antiga Capela da Quinta da Torre e o Portão, desapareceram aquando a Urbanização da Torre. Mas, diz quem ainda a conheceu que a prisão teria lugar, na agora Rua da Torre, cerca de 10 metros acima da Escola EB1/JI da Torre.

No séc. XV, Tagilde era padroado particular de D. Afonso, filho bastardo de D. João I, Conde de Barcelos e mais tarde, Duque de Bragança.
A Igreja de S. Salvador de Tagilde é uma construção do início do século XVIII, mais propriamente de 1737. A necessidade desta construção deveu-se ao facto de a antiga igreja ameaçar ruir devido ao seu estado de degradação.
O Abade de Tagilde, João de Oliveira Guimarães, no seu livro “Tagilde Memória Histórico - Descriptiva” diz que “O templo atual foi edificado na primeira metade do século XVIII, em local diverso do anterior, que era no campo do Passal, chamado a Horta Velha, e que em 1700 ameaçava ruína imediata, achando-se, por isso, escorado com espeques de madeira”. Crê-se que foi demolida em 1737 e que poderia ter estrutura românica devido à antiguidade deste local.A nova igreja encontra-se neste local devido à persistência do povo que impôs a transladação da igreja.


Também Francisco Xavier da Serra Craesbeeck no seu livro “Memórias Ressuscitadas da Província Entre Douro e Minho no ano de 1726” fala da antiga igreja e do seu então pároco Bento Soares Coutinho. A primeira obra da nova igreja foi a capela-mor que custou na altura 100$00 reis, sendo paga pelo Abade Bento Soares Coutinho e pela Confraria do Santíssimo. Só mais tarde, entre 1720 e 1729 foram levantadas as paredes, pois o povo não ajudava, por não concordar com o local da obra. Com a morte deste Abade e nomeação do novo pároco Estevão Falcão Cotta, fez-se, a vontade dos paroquianos e deu-se a transladação da igreja, para o local pretendido e em que hoje a podemos encontrar. Foi o Abade Estevão Falcão Cotta que arcou com as despesas da igreja e da reedificação da capela-mor. Apesar dos impasses, avanços e recuos o edifício ficou pronto em 1737, embora nem tudo estivesse como hoje conhecemos. Segundo os relatórios das confrarias de Sub-Sino e da Irmandade do Rosário, a torre com três sineiras e quatro sinos (um dos quais com relógio), foi construída entre 1757 e 1797.

O Abade de Tagilde na obra “Tagilde Memória Histórico - Descriptiva” fala dos altares principais da igreja: “No altar-mor, onde estão collocadas as imagens do Padroeiro e de Nossa Senhora da Livração, está ereta a Confraria do Santíssimo Sacramento, cuja instituição data provavelmente de 1617 (…)”. Refere então que os três altares principais eram: o altar-mor, ou do Santíssimo Sacramento, o da Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores ou S. Sebastião. Contudo, hoje a igreja encontra-se diferente, pois a Nossa Senhora das Dores encontra-se num altar à entrada da igreja.

Também o pároco de Tagilde, João Francisco de Oliveira, na publicação “Memórias Paroquiais de 1758” diz que a igreja tinha “três altares e bem dourados ao moderno, cujo orago ou padroeiro há o Salvador de Tagilde”, que na altura tinham apenas 16 anos.
Na sacristia da actual igreja existe uma pedra trabalhada com frescos que se pensa que pertenceram ao templo primitivo.
A Freguesia de Tagilde teve uma forte implementação de confrarias (em especial a partir do séc. XVII) devido à fé e envolvimento dos então paroquianos na vida religiosa. Na antiga igreja chegaram a haver seis confrarias, das quais se destaca a Confraria do Santíssimo Sacramento, fundada após a colocação do Santíssimo na Igreja em 1617.
Também os altares só foram colocados em 1742.

Lenda da Bengala e S. Gonçalo
Diz o povo que S. Gonçalo era muito brincalhão e traquina, rindo-se das malandrices que fazia. O povo é que não apreciava essas “partidas” e acabou por expulsá-lo de Tagilde. S. Gonçalo atirou a bengala, caindo esta na freguesia de S. Paio, para onde foi viver. Mas, parece que mais uma vez não foi bem recebido pela população. Por isso, mais uma vez lançou a bengala, que caiu em Amarante. Aí o Santo foi bem recebido e amado pelo povo. Foi nesta terra que S. Gonçalo ficou conhecido, pois a ele atribuiu-se a construção da ponte dobre o Rio Tâmega e do Mosteiro que têm o seu nome.
 Lenda de S. Gonçalo e os Pássaros


Certo dia os pais de S. Gonçalo (que eram pessoas profundamente religiosas) pretendiam ir a uma romaria a uma aldeia próxima (S. Paio). Mas, como o milho-alvo estava a secar na eira, incumbiram S. Gonçalo de afugentar os pássaros para não o comerem. O Santo, então menino, deixou que os pais partissem e pôs-se a pensar numa forma de ir à festa, sem que os pássaros lhe comessem o milho.Foi então que chamou os pássaros e prendeu-os num alpendre. Quando os pais o viram na festa ficaram zangados e foram logo para casa, pois não acreditavam no que o filho lhes dizia. Ao chegar a casa viram o milho todo na eira e os pássaros todos presos. Ao ver tal coisa, o pai logo pensou em cozinhar alguns, mas S. Gonçalo abriu-lhes a porta do alpendre, dizendo: “Fujam passarinhos!”.
Lenda de S. Gonçalo e as Moças
Dizem que S. Gonçalo era brincalhão e um pouco atrevido com as moças que iam à fonte. Reza a Lenda que S. Gonçalo ficava perto da fonte (que hoje tem o seu nome) e quando as moças iam buscar água, ele partia-lhes as cantarinhas. Elas ficavam desesperadas e iam para casa pedir ajuda e contar o sucedido. Quando os pais das moças lhe iam pedir bater ou pedir explicações, este dizia que tal não era verdade e mostrava-lhes as cantarinhas intatas. Perante isto, os pais das moças ficavam zangados e castigavam-nas.
Lenda do Batismo de S. Gonçalo
Reza a Lenda que S. Gonçalo foi batizado oito dias após o seu nascimento. Logo que o retiraram da pia batismal e o limparam com a toalha de baptismo, S. Gonçalo fixou os olhos em Jesus Cristo crucificado, sorriu e abriu os braços estendendo-os dando graças a Deus da graça que havia recebido. Esta lenda é também relatada pelo Padre António Vieira, no seu Sermão de S. Gonçalo: “S. Gonçalo, Santo e admirável Santo, na primeira idade de menino… não foi menino, senão menino homem… E quando começou este grande menino a mostrar publicamente que era menino homem? Oito dias depois de nascido, que foi o do seu batismo. Saiu da pia onde os outros meninos estranham tanto o rigor da água, e quando a ama o recolheu nos braços para o acalentar do choro e mamar, fitou os olhos em um Cristo crucificado, e com um rosto alegre, e os bracinhos abertos e estendidos parecia que lhe dava as graças da graça que recebera”.
Lenda de D. Fernando e D. Leonor Teles
O que estaria o rei D. Fernando a fazer em Tagilde no dia 10 de Julho de 1372 quando foi firmado o Tratado da Aliança Anglo-Português (Tratado de Tagilde)?
Leonor Teles era casada com João Lourenço e Cunha, quando se envolveu com D. Fernando. Então, o marido traído lançou uma praga à mulher, dizendo que a sua cara deveria encher-se de verrugas. D. Leonor Teles temendo a concretização de tal maldição e tendo conhecimento dos poderes curativos de S. Bento para tal mal, prometeu ao Santo, subir ao seu monte de cravo branco na boca, no dia 11 de Julho (dia de S. Bento). Assim se explica o facto de na véspera da festividade, o rei e a sua esposa se encontrarem em Tagilde.




Lenda da Prisão da Quinta da Torre
Contam os mais antigos da freguesia, que na Quinta da Torre existiu uma gruta que servia de cadeia aos malfeitores da região. Quando aí chegavam, ao tocarem nas armas do portão da dita quinta, ou nas pedras da gruta, os seus pecados eram perdoados, podendo aí viver, sem que fossem perseguidos.




 
 




 
 

 










Gastronomia
Bolinhol

Ingredientes:
24 gemas
3 claras
400 gr de açúcar
300 gr de farinha de trigo (tipo 55)
200 gr de açúcar para a cobertura
Modo de Preparo:
1.   Batem-se as gemas e as claras com o açúcar, até obter um preparado espesso e quase branco.
2.   Junta-se a farinha que foi peneirada várias vezes e bate-se apenas o nacessário para ficar bem misturada.
3.   Deita-se a massa em formas quadradas de lata, forradas com papel costaneira (grosso).
4.   Leva-se o pão-de-ló a cozer em forno quente (220º C).
5.   A meio da cozedura, reduz-se o calor e deixa-se cozer o pão-de-ló.
6.   Este estará cozido quando, espetando-o um palito, este sair seco.
7.   Deixa-se arrefecer um pouco, desenforma-se e retira-se o papel dos lados.
8.   Com os 200 grs de açúcar e um copo de água faz-se uma calda muito forte (112ºC).
9.   Deixa-se amornar e espalha-se, depois, sobre a superfície e os lados do pão-de-ló, com uma espátula ou colher de pau, em movimentos vaivém, até a calda se tornar opaca.
10.Conserva-se em local seco e de preferência em recipiente fechado mas forrado com um papel absorvente (vegetal não serve).


Nota: Esta receita de pão-de-ló é a que mais se aproxima do que é comercializado com o nome de Pão-de-Ló de Vizela.
Como se pode ver, trata-se daquilo a que no Minho se chama «pão-de-ló minhoto» ou «cavaca alta».
Entre os pães-de-ló tradicionais, é o único que leva cobertura.

* O Povo chamava-lhe Bolinhol e há quem diga que é uma criação das Carmelitas do Convento de Guimarães, famoso pelo o Pão-de-Ló que ali era confeccionado pelo menos desde o século XVIII.
Hoje, recebe o nome de Pão-de-Ló coberto e deve a sua receita e forma peculiar (rectangular, a lembrar a forma de um barco)
A Joaquina Ferreira da Silva.
As suas particularidades em relação aos Pães-de-Ló que se fazem no Minho são a Humidade e a cobertura de açúcar, segredos que Joaquina Ferreira da Silva confiou a sua filha, Albina, que por sua vez os passou aos descendentes, deixando assim em boas mãos a receita que nos permite comer em Vizela o verdadeiro e delicioso Pão-de-Ló obrigatoriamente coberto com os nomes de Delícia e Kibom, grande representante da Pastelaria Portuguesa, reconhecido a nível Internacional com diversos prémios.

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