terça-feira, 17 de maio de 2011

FREGUESIA DE NOGUEIRA

rEGIÃO               NORTE
SUB  REGIÃO   grande PORTO
DISTRITO         PORTO
CIDADE           maIA
Freguesia Nogueira

Brasão de Armas

Escudo Ibérico de Prata com uma Nogueira troncada de sua cor, folhada de verde e frutada de ouro, firmada num terrado em campanha de verde.

Listel de Branco com os dizeres em caracteres maiúsculos de negro "Nogueira".

Coroa mural de prata de três torres, abertas, frestadas e lavradas de negro.

Selo

Circular, tendo ao centro a Nogueira das armas firmadas num terrado, sem indicação dos esmaltes e cores. Em volta, dentro de círculos concêntricos os dizeres em caracteres maiúsculos "JUNTA DE FREGUESIA DE NOGUEIRA".

Bandeira



De verde, cordões e borlas de prata e verde. Lança de ouro e haste de prata.















A História da Freguesia de Nogueira, remonta-nos ao longínquo, ano de 1195, onde, a Paróquia Santa Maria de Nogueira aparece mencionada no "Censual do Cabido da da Sé do Porto"; usando o nome "Santa Maria de Nogueira de Vilar";. Tal designação o demonstra a importância que o lugar de Vilar terá ocupado, nos finais do século XII, ao servir de referência Identificadora.





A origem do nome "Nogueira" estará; relacionada com a existência de um grande numero de nogueiras, ou de um grande exemplar desta espécie de árvores, que durante séculos existiram por estas paragens, como chegou a ser referido nas "Inquisições Afonsinas".



Ainda será interessante relembrar como a própria palavra "Nogueira" sofreu, durante estes longos anos, várias alterações  na sua forma escrita e fonética : "Nocaria", (1258) "Nugaria", "Ngeira", "Nogueyra".





Orago:
Santa Maria. Foi curadoria da apresentação do mestre - escola de Cedofeita. Passou a abadia. Aproveitou do foral da Maia, concedido por D. Manuel a 15/12/1519.



Abrigada no sopé do Monte da Senhora da Hora, ou do Calvário, Nogueira urbanizou-se ao longo da Rua da Igreja, ou do Padre António Costa. A outra, que a atravessa, vem de Matosinhos e Barreiros e segue para Ermesinde. Ambas oferecem uma viagem a este urbanismo harmonioso, na sua grande parte do século XIX.




É a estética das pequenas habitações  conjugadas com os solares, as casas grandes - de que a mais relevante, do século XVIII, com capela e brasão, se encontra na Rua Padre António Costa (em frente à Rua de António José de Almeida): é a Casa da Quinta (consta que nela estiveram alojados os franceses, aquando das invasões).

No lugar de Barroso, o Largo é o rocio da freguesia que, por ser cruzamento de rotas e possuir antigas empresas de camionagem, está associada a (quase) todo o concelho e ao Porto.




A Matriz é, depois da de Moreira, a mais importante das terras maiatas. Imponência criada por um artifício arquitectónico: a frontaria de um biombo, grandioso e requintado, maior do que o interior. A nave é mais baixa um pedaço do que a fachada. Na torre sineira, a data em azulejo (1929) é a da sua reconstrução, pois o templo é setecentista (e o brasão bispal da fachada seria, disse-nos o pároco, sinal de visita festejada do bispo do Porto). No interior, bem conservado, o altar-mor possui talha extraordinária - toda a talha do templo o é e mantém-se como nova. Os tectos de caixote são bem pintados. À  esquerda do altar, atenção à imagem da Senhora do Rosário, do século XVIII, e, do lado direito do arco triunfal, à expressiva Senhora das Dores.

Na Igreja e no jardim lateral festeja-se em Agosto (sem romaria) Nossa Senhora de Fátima; <<chove sempre>> desabafou um jovem. (Este ano não choveu, mas dizia a vendedeira, das poucas que lá foram: "O ano passado ainda vendi uns melões este ano não veio ninguém.") No século XIX, a maior romaria era a de S. Bartolomeu. (Álvaro Oliveira, 1985.) Metia teatradas, comédias no adro da igreja, com mimos dirigidos à assistência.




Calaram-se há muito... E na Quaresma há o Senhor dos Passos, sempre no terceiro Domingo da Quaresma. A procissão seguia o caminho do Calvário: 1.ª estação dos Passos é na elegante e setecentista capela na entrada da Rua António José de Almeida; e há mais cinco até ao alto do Monte. Nele, está a capela do Senhor dos Passos, de 1869. No interior, austero, a imagem do padroeiro. Tem à direita uma representação dolorosa e ingénua da Senhora do Encontro, e à esquerda a Senhora das Hora com o Menino ao colo. E o S. Miguel Arcanjo, que anda por aqui a lancear o dragão.

O Monte é miradouro espetacular da Maia, e a visita torna-se, por isso, obrigatória. Aqui faz-se a romaria de Nogueira à Senhora da Hora, em Maio.

Por causa dela chamam a isto o Monte da Senhora da Hora, mas também é do Calvário. O monte está arranjado e possui uma escadaria de acesso: à esquerda, na entrada, está a popularmente designada Capela do Senhor dos Amarrados (imaginativo nome, invocando cativeiro, dos cativos e perseguidos, dada a uma capela dos Passos). "È; bonita. Viu as imagens? São de santeiros daí, mas não sabemos quem eram.>> Diante da capela do Senhor amarrados há um marco com a legenda "Mercado 1º de Dezembro 1933". "Ó Senhora Albina, aqui é a feira?". "Era, era às quartas-feiras.


Mas já não se faz há 50 anos. As lavadeiras vinham lá de baixo dos campos, vender as coisas. Aí meia dúzia, mas o povo não aparecia - também quem vem ao Calvário fazer compras?- e desistiram. Morreu tudo...". A nascente, um pequeno burgo e o Monte Penedo, como lá dizem.



Em Nogueira há visitas que aconselhamos: além da descoberta de Barroso, lugar central, devem, pela estrada de Milheiros e Arroteia (Rua Manuel da Silva Cruz), ir ao Casal - "de casa, ou parcela de propriedade rústica dotada de habitação" (Pª Domingos Moreira, 1969) - um conjunto característico das villas maiatas e rurais. Está lá a casa azul, oitocentista, de aldeia. Encostados às habitações dando para a estrada - tomava-se o fresco e via-se passar o trânsito os bancos de pedra. E no caminho para Vermoim, à saída de Nogueira, há uma Veneza pequena num rio afluente do Leça (a Ribeira do Arquinho), que o dono da casa de azulejo arranjou, limpou, regularizou. Corre debaixo de um parreiral a delícia do rio. Com queda de água e (arregalem-se os olhos) um moinho!



O moleiro nogueirense personificado foi o senhor Celestino Clemente Barbosa, artista não por necessidade, mas por amor às mós. "Tem duas pedras", moem, enquanto há água, seis arrobas por dia. O senhor Celestino foi um homem dos ofícios sobrevivente: cozia pão de milho para casa, construía os rodízios - e duravam 5 ou 6 anos - foi herdeiro do pai, o velho moleiro, e comprou casa para continuar a tradição.

Nos tempos em que o ribeiro do Senhor Celestino levava peixe e águas limpas, havia cantigas e poetas improvisadores: praticava-se a arte de Talma como forma de promoção cívica, inspirada e devotadamente, como se depreende destes versos de 1928:




      O Teatro &eacute; uma escola,  
      O Teatro é um passatempo,

      È uma fonte de instrução, 
      È uma boa distraçao,

      Sendo bem orientado,  
      O Teatro é um conforto,

      É uma salutar lição,
      Que dilata o coração.

 

      Avante pelo teatro,

      Avante sem desfalecer,

      Viva o Flor Nogueirense,

      Viva sempre aé morrer.


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