sexta-feira, 25 de março de 2011

FREGUESIA DE DORNES


REGIÃO               NORTE
SUB  REGIÃO   médio tejo
DISTRITO         santarem
CIDADE            ferreira de zezeré
Freguesia Dornes
Dornes é uma freguesia portuguesa do concelho de Ferreira do Zêzere, com 19,00 km² de área e 714 habitantes (2001). Densidade: 37,6 hab/km².
A Vila de Dornes situa-se numa pequena península à beira-Zêzere, no concelho de Ferreira do Zêzere.
Foi sede de concelho entre 1513 e 1836. Era constituído pelas freguesias de Beco, Dornes e Paio Mendes. Em 1801 tinha 2 287 habitantes e 43 km².

A freguesia de Dornes situa-se no extremo norte do distrito de Santarém, concelho de Ferreira do Zêzere. Eclesiásticamente pertence ao Bispado de Coimbra e turisticamente está integrada na Região de Turismo dos Templários.
Dornes faz fronteira, através do rio Zêzere (Albufeira de Castelo do Bode), com a freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã e distrito de Castelo Branco. No concelho de Ferreira do Zêzere faz fronteira com as freguesias Águas Belas, Beco e Paio Mendes.

Compõem esta freguesia a Vila de Dornes, sede histórica e religiosa da freguesia e os lugares de Barrada, Cagida, Carril, Casal Ascenso Antunes, Casal da Mata, Frazoeira, Joaninho, Junqueira, Lameirancha, Macieira da Rocha, Peralfaia, Quinta da Benta, Quintas, Ribeiro da Coroa, Rio Cimeiro, Rio Fundeiro, Salão de Baixo, Salão de Cima e Vale Serrão.
Terra muito antiga, será mesmo anterior à fundação da nacionalidade, como o atestam os monumentos e os vestígios arqueológicos que por aqui se têm encontrado. Já na primeira dinastia alguns documentos que lhe fazem referência, sendo documentada a presença de um religioso de Dornes no Foral de Arega, em inícios do século XIII.

Ainda no século XIII há referências à Comenda Templária de Dornes.
Mais tarde, no século XV, Dornes, enquanto Comenda Mor da Ordem de Cristo teve por Comendador D. Gonçalo de Sousa, homem muito influente, da Casa do Infante D. Henrique, e que aqui mandou construir, em 1453, a Igreja de Nossa Senhora do Pranto. Este local de culto deu à povoação, parte da importância que esteve na origem, em 1513, da atribuição do Foral Manuelino.

A Dornes pertenceu o território de três freguesias: Dornes, Beco e Paio Mendes.
Aqui nasceram, um século mais tarde, muitos dos heróicos combatentes que por volta de 1650 se bateram nas fronteiras para assegurar a independência nacional.

Do "modus vivendus" das gentes de Dornes, destacaremos a produção e comercialização da madeira de castanho, tradição que já encontramos descrita desde o século XIV e que se manteve até finais do século XIX. Também no Século XIX, a reforma de Rodrigo da Fonseca, veio extinguir o Concelho Dornes, integrando-o desde 1835, no Concelho de Ferreira do Zêzere.

Do século XIX para cá, a freguesia de Dornes tem
sido um polo de atracção turística e a sala de visitas do Concelho de Ferreira do Zêzere em função das suas paisagens deslumbrantes sobre o Zêzere e também em virtude da grande carga histórica e monumental que as suas aldeias encerram. De entre os visitantes ilustres, destaca-se Alfredo Keil que em 1890, estando hospedado na Estalagem dos Vales, ensaiaria com a então Filarmónica Frazoeirense a primeira orquestração da marcha: "A Portuguesa", sendo por isso a Frazoeira o berço do actual hino nacional de Portugal.

Património

 

 

 

Torre de Dornes, torre templária pentagonal

  • A torre templária de Dornes é sem dúvida alguma o cartão de visita desta terra e surpreende pela invulgaridade da forma. As suas cinco faces tornam-na um exemplar raríssimo da arquitectura militar dos tempos da Reconquista. Edificada por Gualdim Pais para defesa da linha do Tejo, foi construída sobre a base de antiga torre romana, garante da segurança para a exploração do ouro que aquele povo fazia no Zêzere.

    Do xisto rude destacam-se os cunhais calcários, onde ainda se podem descobrir as marcas dos canteiros medievais. Também de calcário é a verga da porta, aproveitamento de uma estela funerária, provavelmente visigótica, decorada com símbolos guerreiros (lanças, espadas e escudos).

    No interior da torre encontram-se, intactas, várias estelas funerárias templárias, lembrando eras em que estes cavaleiros defendiam o território das investidas muçulmanas e procuravam sepulcro junto das casas de Deus.

    Com tempos mais pacíficos e perdida a função guerreira, a torre ficou sineira no século XVI, função que ainda hoje conserva.









Igreja de Nossa Senhora do Pranto
À sombra da Torres de Dornes nasceu a igreja, fundada ainda no século XII e que desde o tempo da rainha Santa Isabel se encontra associada à lenda e culto da Senhora do Pranto.


Apesar da sua antiquíssima fundação é D. Gonçalo de Sousa, homem de confiança do Infante D. Henrique e comendador da Ordem nestas terras, que dá a feição à actual igreja. Disso nos dá conta a lápide gótica à entrada do templo. Já no interior somos surpreendidos por um órgão de tubos e por um revestimento de bons azulejos do século XVI (altar-mor) e XVII (nave), cenário ideal para apreciar um excelente conjunto de arte sacra quinhentista, de que se destaca uma notável imagem de Santa Catarina.


Imagem de Nossa Senhora do Pranto de Dornes
Em Dornes, todas as atenções vão para a Senhora do Pranto que, naturalmente, faz as honras da casa presidindo ao altar-mor. Desde a Idade Média, tempo de fomes, peste e guerra, que lhe é prestado culto por toda a região e remontam a essa época as peregrinações que ainda hoje se mantêm vivas, os Círios, tendo o 15 de Agosto como ponto alto. A Pietá não é a mesma do século XIII, que segundo a lenda, foi encontrada entre matos por indicação da Rainha Santa. Esta é obra de artífice seiscentista e que denota alguma rigidez no tratamento da pedra, mas nem por isso menos venerada pela religiosidade popular.

Órgão de Tubos da Igreja de Dornes - Séc. XVIII
O Órgão de Tubos de Dornes que foi recentemente alvo de trabalhos de restauração, depois de vários anos inactivo. Hoje em dia encontra-se em excelente estado de conservação e é utilizado frequentemente nos concertos que aproveitam a estupenda acústica desta Igreja.


Lagar de São Guilherme
O Lagar de São Guilherme que outrora usava as águas da ribeira para poder trabalhar, também foi recentemente alvo de obras de reconstrução, e hoje é um local propício a várias actividades culturais durante o ano, para além do local envolvente poder ser usado também para bons momentos de convivência com a Natureza.

Cruzeiro e Ermida de Sto. António - Dornes
O Cruzeiro retratado na fotografia é o último dos 14 Cruzeiros que ilustram a Paixão e Morte de Jesus Cristo, e que se encontra junto à Igreja de Nossa Senhora do Pranto. Junto a este cruzeiro encontramos também a Ermida de Santo António em Dornes, também visível na imagem. Os 14 Cruzeiros estão distribuídos ao longo de cerca de 3 Km na estrada que liga os lugares de Paio Mendes e Dornes. Todos os anos esta via-sacra é percorrida de manifestações de fé através de peregrinações, promessas, ou como tem sido hábito nos últimos anos, de representações teatrais da Paixão e Morte de Jesus Cristo.

Vista Aérea da Península de Dornes
Como se sabe, o Rio Zêzere é um dos principais recursos hídricos do nosso país, e é também este Rio que trás toda a beleza paisagística a este local. Na década de 50 com a construção da Barragem de Castelo de Bode, esta albufeira tornou-se num dos maiores lagos artificiais da Europa, transformando toda esta região num importante pólo de atracção turística.
Outros locais de interesse:

- Capela de S. Sebastião - Carril
- Capela de Nossa Senhora da Purificação - Frazoeira
- Quintas e Solares da Frazoeira
- Casa do Monteiro-mor – Carril






Lendas
De todas as lendas, merece destaque a lenda de Nossa Senhora do Pranto de Dornes. Desta lenda parece resultar a grande devoção que por toda esta região existe pela padroeira desta Vila, Nossa Senhora do Pranto:
Guilherme de Pavia, feitor da Rainha Santa Isabel, perseguia um veado na Serra Vermelha quando ouviu um doloroso choro. Mas por mais que procurasse não conseguia encontrar de onde vinham tais gemidos. Resolveu então ir contar a novidade à Rainha Santa. Para seu espanto, esta não só sabia o motivo da viagem, como o local exacto onde procurar “… e lhe disse que buscasse no lugar onde ouvia os gemidos e que ahi acharia huma imagem de Virgem Maria Nossa Senhora com outra de seu Santíssimo Filho morto em seus braços, o que elle fez, e entre huns matos, que estavão na áspera Serra da Vermelha…achara escondida a admirável e milagrosa imagem…”.

 Veio depois a Rainha admirar o achado que mandou erguer uma capela. À terra chamou Vila das Dores, a actual Dornes.

Da outra margem do rio (Cernache) o povo contestou e revoltou-se porque reclamavam para si a imagem que tinha sido encontrada na Serra da Vermelha, pertencente àquela localidade e termo da Sertã e não a Dornes.



 



Por diversas vezes a quiseram levar e outras tantas vezes a imagem de Nossa Senhora do Pranto com seu Filho nos braços desapareceu misteriosamente e voltou a aparecer em Dornes, no seu lugar, no altar da Ermida.



Cirios

Realizam-se anualmente na freguesia cerca de 40 Círios (cortejos religiosos em honra de Nossa Senhora do Pranto) provenientes de diversas Freguesias, Concelhos, Bispados e até Distritos. Estes Círios têm início na segunda-feira de Pascoela e prolongam-se até ao mês de Setembro, sendo o ponto mais alto das peregrinações no dia 15 de Agosto, dia de grande festa em Dornes.


Noutras localidades da freguesia são igualmente celebrados os seus padroeiros. No Carril, faz-se desde 1871 uma festa em honra de São Sebastião que nos últimos anos tem tido lugar no primeiro fim-de-semana de Agosto. Igualmente no lugar da Frazoeira se celebram duas festividades anuais, a primeira de cariz religioso e a segunda de carácter associativo (Aniversário da Associação Recreativa Filarmónica Frazoeirense).


Desde 1999, têm lugar no último domingo de Agosto (de dois em dois anos), uma iniciativa denominada por CIRIUS, que conta a história da Paixão e Morte de Jesus Cristo, baseada nos Evangelhos, repartida por 14 cruzeiros espalhados pela estrada entre Salão de Baixo (localidade limítrofe com a freguesia de Paio Mendes) e Dornes. Esta recriação é feita com personagens reais, através de grupos de indivíduos que arriscam a participação neste evento de forma amadora, numa perspectiva inovadora e dinamizadora das actividades de teatralização e cultura de toda uma região e concelho.


Esta actividade culmina ao anoitecer com a partilha de comida e bebida entre visitantes e participantes, e espectáculo pirotécnico junto às margens do Rio Zêzere.




MERCADO


Todos os Sábados de manhã tem lugar no largo do Carril o mercado semanal, com a participação de vários feirantes e de todos os tipos de comércio, como sejam vestuário, calçado, alimentação, etc.

Pelo seu carácter rural, a Freguesia baseia as suas danças e cantares em grande parte na vida do campo, sendo ainda possível encontrar pessoas a cantar numa descamisada, ou em alguma festa, umas belas cantigas à desgarrada de cariz popular.

Pelo grande fervor religioso, existem inúmeras cantigas deste carácter. Durante todo o período da Quaresma, é ainda possível ouvir à noite junto da escadaria da Igreja de Dornes, o "Cantar das Almas", tradição muito antiga que recentemente foi recuperada. Consiste na recitação de rezas alternadas entre dois grupos anónimos e distintos de pessoas da paróquia, em memória a todas as almas.

A Freguesia de Dornes não é rica pelos seus trajes típicos, no entanto encontram-se em posse de inúmeras famílias da freguesia, fatos de trabalho e "domingueiros", representativos no seu tempo (início do séc. XX) das pessoas, classes e profissões de quem as envergava.

Pode-se encontrar no livro "Tojos e Rosmaninhos" de Alfredo Keil, vários desenhos nos quais é possível verificar esses mesmos trajes.

Os jogos tradicionais dos nossos avós, não são muito diferentes dos que hoje conhecemos, por isso pequenos e graúdos sabem ainda hoje jogar à Macaca, Lenço, Malha, Chinquilho, Pião ou Berlinde.


Destacam-se na gastronomia local os pratos confeccionados a partir dos peixes do Rio, como seja o Ensopado de Peixe. De entre as espécies aqui mais encontradas, destacam-se a carpa, a boga, o barbo e o achegan. Contudo também na classe das carnes encontramos algumas especialidades tais como o Leitão à Ferreirense ou o Cabrito assado, ambas comuns a outras freguesias deste Concelho.



É igualmente importante a tradição vinícola nesta freguesia. Assim, esta freguesia está na Região demarcada de Tomar e caracteriza-se pela subsistência de alguns produtores locais que comercializam o excedente das suas produções.
Da doçaria regional, merecem destaque os “Bolos dos Santos” e num espectro mais Concelhio, as tigeladas ferreirenses, que também se podem encontrar à venda ao público.
Como na gastronomia há pequenos segredos a guardar, a melhor forma de os provar é fazer-nos uma visita.



Gastronomia
Bolos dos Santos
Ingredientes

Modo de Preparo
1.  Deite a farinha num alguidar, abra-lhe uma cavidade ao centro e deite aí o fermento desfeito com os dedos,
2.  junte a água morna e vá mexendo com as pontas dos dedos até o fermento se dissolver.
3.   Envolva então em farinha até ficar com a consistência de massa de pão e deixe levedar.
4.  Quando tiver levedado junte o ovo, o açúcar a banha derretida, a erva doce, a canela, o sal e o sumo e raspa de laranja (pequena),
5.   amasse muito bem e bata bem a massa até obter a consistência de pão (pode ter de levar ao amassar mais um pouco de água ou farinha conforme esteja muito dura ou mole).
6.   Faça depois uma bola com a massa e coloque-a no alguidar polvilhado com a fairnha,
7.  cubra com um pano, e deixe levedar num local quente.
8.  Depois de levedada, faça com a massa 4 ou mais bolas,
9.  coloque-as num tabuleiro polvilhado de farinha e deixe levedar de novo, mas menos que da primeira vez.
10.             Pincele-as com ovo batido, e leve a cozer a forno bastante quente.



JOGOS TRADICIONAIS


TRAJES


DANÇAS E CANTARES

Um comentário:

  1. Primeiro que tudo deixo aqui os parabens a quem escreveu este artigo sobre Dornes.
    Aproveito tambem para pedir autorização se posso tranncrever e ou usar fotos pois ando a procura de material para proceder a edição de uma monografia sobre Dornes?
    O titulo da minha monografia sera este " Dornes - Historia e Estorias...
    Agradeço resposta.
    Ate breve!

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