domingo, 27 de março de 2011

26 DE MARÇO - DIA MUNDIAL DO CHOCOLATE


Dia Mundial do Chocolate
Boas notícias. O doce vício do chocolate pode ter afinal algumas virtudes. Para além da comprovada virtude do prazer oferecido pelo consumo desta doce substância, um grupo de investigadores norte-americanos garante que o chocolate ajuda a manter o coração em forma, melhora a circulação e reduz a coagulação sanguínea. A “culpa” deste fenómeno tem um nome: flavanóides.
A presença destes no chocolate é herdada do ingrediente do cacau, elemento rico nesta substância. A forma como são produzidas as doces tabletes determina a presença mais forte ou mais fraca de flavanóides, o que quer dizer que nem todos os chocolates são iguais nos benefícios à saúde. Uma equipa dirigida pelo nutricionista da Universidade da Califórnia, Karl Keen, apresentou as conclusões deste estudo na recente conferência da Associação Britânica para o Avanço da Ciência, em Glasgow, e afiançou que a dose de flavanóides contidos numa pequena barra de chocolate equivale à quantidade existente em seis maçãs, quatro chávenas e meia de chá e dois copos de vinho tinto, em termos médios.
As conclusões dos benefícios do chocolate na prevenção de doenças cardíacas teve como elemento crucial a capacidade de activação das plaquetas sanguíneas, factor essencial para evitar os perigos de coagulação. Com conta, peso e medida, o chocolate pode ser uma doce terapia.

Introdução 

Considerado um dos alimentos mais nutritivos e energéticos do planeta, o chocolate tem adoçado a vida de um sem-número de pessoas ao longo dos tempos. Um explorador espanhol trouxe-o do Novo Mundo para o Ocidente. Os suíços requintaram-no no século XIX. Os apreciadores agradeceram e multiplicaram-se.
Reza a história que o povo maia terá sido o primeiro a cultivar a árvore do cacau. Depois, foi a vez de os astecas se deliciarem com este verdadeiro manjar dos deuses, a partir do momento em que o deus Quetzalcoatl furtou do Paraíso as sementes de cacau e lhas ofereceu.
Era tal a importância do cacau que servia de moeda entre os astecas: um escravo, por exemplo, podia ser comprado por 100 sementes. Além disso, este povo acreditava que o xocolatl – uma infusão amarga feita a partir dos grãos de cacau, à qual misturavam malaguetas, cravos de cabecinha e canela – dava poder, sabedoria e era afrodisíaco. Montezuma, o último imperador asteca do México, chegava a beber mais de 50 porções por dia, servidas em cálices de ouro.
Sem interesse para Colombo, precioso para Cortez
O primeiro europeu a ver os grãos de cacau foi Cristóvão Colombo, na sua quarta viagem ao Novo Mundo. O navegador provou a bebida feita a partir dessas sementes, mas não apreciou a experiência. Pouco tempo depois levantou vela e rapidamente esqueceu o xocolatl dos astecas. Mal sabia que um dia seria apreciado em todo o mundo.

O chocolate é produzido a partir do grão de cacau. Foto da árvore do cacau com frutas em diferentes estágios de maturação
Anos mais tarde, o explorador espanhol Hernando Cortez e os seus 600 soldados desembarcaram no México, de armas em riste à procura de ouro. Mas, para surpresa geral, o imperador Montezuma e a sua corte receberam-nos com cordialidade, oferecendo-lhe um grande banquete regado de chocolate. Crentes na lenda, julgavam que Cortez era a reencarnação de Quetzalcoatl, que agora tinha regressado.
Corria o ano de 1519 e estava-se prestes a assistir ao fim da civilização asteca, provocado pela ânsia de ouro dos espanhóis. Cortez respondeu com traição à amistosa recepção dos astecas: Montezuma é assassinado e a região passa a ser uma colónia espanhola. Na hora de rumarem à Europa, os espanhóis levavam nos porões das suas naus uma carga preciosa, constituída por ouro e sementes de cacau.
A conquista da Europa
Ao chegar a Espanha, Cortez entrega ao rei Carlos V os grãos de cacau e a receita do chocolate, à qual acrescenta algum açúcar e baunilha, transformando a bebida num preparado mais agradável que cativa a corte espanhola. Mais: apercebendo-se do seu valor comercial, o explorador manda plantar cacaueiros desde o México até Trindade e Haiti. O chocolate torna-se rapidamente algo muito valioso e a sua produção é mantida em segredo, sendo o seu consumo privilégio exclusivo da nobreza espanhola.
Só um século mais tarde a receita do chocolate atravessaria as fronteiras espanholas, chegando à Alemanha, Áustria e Flandres e, posteriormente, a França, à corte de Luís XIV; pouco tempo depois, atravessa o Canal da Mancha e chega a Inglaterra, onde ganha reputação de bebida alimentícia. Em 1657, abre em Londres a primeira loja especializada em chocolate. Pouco a pouco, a produção artesanal dá lugar à produção em massa e, por volta de 1730, o seu preço é já acessível a grande parte da população.
O chocolate continuou a ser consumido exclusivamente como bebida até que, em 1876, o suíço Daniel Peter conseguiu criar o chocolate de leite, passando então a ser vendido na forma sólida. No início do século xx, descobre-se que é um excelente fornecedor de energia e, com o início da I Guerra Mundial, em 1914, vai para a frente de batalha como ração de emergência.
Foram tempos difíceis para o chocolate, que sofreu restrições na importação e pesadas taxas. Somente em 1945, com o fim da II Guerra Mundial, o chocolate viria a tornar-se um dos produtos mais populares do mundo.

Chocolate

O botânico sueco Linnaeus, ao classificar os seres vivos existentes no planeta, decidiu atribuir à planta do cacau, o nome de Theobroma que, do grego, significa “manjar dos deuses”.
Cada inglês come em média nove quilos de chocolate por ano, uma gula só aproximada pelos alemães (7 kg) e americanos (6 kg). Os portugueses, segundo a OCDE, comem em média apenas meio quilo de chocolate por ano.
Muitos dos velhos mitos sobre o chocolate e a saúde estão a desaparecer sob o peso das mais recentes investigações científicas. Pesquisadores afirmam que o cacau contém mais de 600 substâncias capazes não apenas de contribuir para o combate a doenças cardíacas, mas também de proteger o sistema imunológico e prevenir o stress e o reumatismo. É tudo uma questão de peso, conta e medida.
O chocolate favorece a produção de endorfinas (os narcóticos naturais do organismo humano). Não é por isso de admirar que sejamos invadidos por uma sensação de bem-estar quando comemos chocolates.
Embora não exista evidência científica de que o chocolate é um afrodisíaco, desde o imperador Montezuma até hoje, muitos são os que acreditam nas propriedades “amorosas” do cacau. O sedutor veneziano Casanova chamava ao chocolate “elixir do amor”.

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